A bancada do PSOL no Congresso protocolou hoje, na Procuradoria-Geral da República, uma representação contra a apresentadora do SBT, Rachel Sheherazade, e a emissora para que respondam civil e criminalmente por apologia ao crime. O pedido foi entregue diretamente ao procurador-geral, Rodrigo Janot, em uma reunião com parlamentares do PSOL. Durante o encontro, Janot disse que abrirá investigação e por isso não poderia se manifestar sobre o conteúdo da representação, mas afirmou que qualquer tipo de violência, tanto de palavras quanto de atitudes, não contribui para a construção de um momento civilizatório.
“Esperamos uma decisão exemplar neste caso. Ter sido recebido pessoalmente pelo procurador já foi um reconhecimento de que o assunto ganhou uma dimensão muito grande”, disse o líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (SP). Na terça-feira da semana passada, a apresentadora fez um comentário defendendo um “contra-ataque” a bandidos ao falar sobre o episódio do jovem que foi encontrado amarrado nu a um poste no Rio. O rapaz era um suposto assaltante e teria sido preso no local por moradores da região que o agrediram e prenderam pelo pescoço com uma trava de bicicleta.
O caso ocorreu em 31 de janeiro. “O contra-ataque aos bandidos é o que chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite. E, aos defensores dos Direitos Humanos, que se apiedaram do marginalzinho preso ao poste, eu lanço uma campanha: faça um favor ao Brasil, adote um bandido”, disse Rachel. Para os parlamentares do PSOL, a apresentadora legitimou e estimulou o linchamento e a atuação dos chamados “justiceiros”, grupos que têm se mobilizado para encontrar e agredir supostos bandidos. “É importante atentar para o fato de que a conduta da representada é direcionada para milhões de pessoas, inclusive crianças e adolescentes, por meio de uma concessão pública”, diz a representação.
Correio da Bahia