O mercado brasileiro deve sofrer nos próximos dias repercutindo declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos importados do Brasil. Os 50% anunciados representam a alíquota mais alta divulgada a partir de cartas enviadas pelo republicano aos países desde o início desta semana. A taxa deve começar a valer a partir de 1º de agosto.
A tarifa será aplicada “a qualquer e todo produto brasileiro enviado aos Estados Unidos”, independentemente de outras taxas setoriais em vigor. Mercadorias redirecionadas por terceiros para escapar da cobrança também serão taxadas. Trump acrescentou que empresas brasileiras podem evitar a medida se passarem a produzir dentro do território americano.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirma que a tarifa de 50% representa uma surpresa negativa, já que investidores imaginavam uma taxa por volta de 20%. “Ninguém sabe, no entanto, se as tarifas são permanentes ou se ele mudará de ideia”, diz. “O mercado esperava que Trump fosse criticar Lula perto da eleição, foi um pouco inesperado as críticas terem vindo agora.”
Analistas consultados pelo E-Investidor concordaram que o pregão de ontem devia ser negativo para o investidor brasileiro. “Sem sombra de dúvidas, os mercados amanhã vão acordar sentindo essas tarifas. Acho que vai ser um dia bem importante para o cenário de Bolsa em 2025, dado que o Ibovespa vem apresentando excelentes resultados”, afirma Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments.
Na visão de Redivo, empresas exportadoras, principalmente do setor de frigoríficos, devem sentir o peso das medidas. Companhias que apresentam despesas em dólar ou que estão vinculadas diretamente à moeda americana também podem registrar queda. O entendimento é de que a divisa dos EUA deve subir em relação ao real na sessão. Ontem, o dólar futuro para agosto disparou no pregão e renovou sucessivas máximas, até atingir o nível de R$ 5,63, após os anúncios de Trump.
Para Antonio Corrêa de Lacerda, professor doutor do Programa de Pós-graduação em Economia da PUC-SP e conselheiro e ex-presidente do Cofecon, antes de levantar maiores preocupações, é necessário verificar se, de fato, essas tarifas serão aplicadas. “Há precedentes que os anúncios do republicano não se materializaram na prática. Muito provavelmente é um ‘blefe’ (de Trump) para ganhar posições numa eventual negociação de tarifação”, diz.
O professor acredita que uma elevação de tarifas por parte de Trump não só prejudica a economia brasileira e as demais, como também impacta negativamente a economia norte-americana, pois provoca elevação de custos de produção com consequente perda de competitividade, podendo inclusive gerar um cenário de recessão.
Fonte: Agência Brasil








