O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha, está tentando comandar uma rebelião de seu partido contra a presidente Dilma Rousseff. Enquanto a orientação do Palácio do Planalto é para que todos estejam em Brasília nesta segunda-feira para votar a Medida Provisória 595, a chamada MP dos Portos, Cunha que esticar a corda e só iniciar a votação na terceira-feira, data limite pois a MP vence na quinta-feira e ainda precisa ser votada pelo Senado. O objetivo dele é que, diante da falta de tempo, o governo se veja sem saída e aceite negociar o mérito da Medida Provisória. Para alguns peemedebistas, Eduardo Cunha está indo longe demais e pode, por isso, comprometer o cargo de líder da bancada para o qual foi eleito por um ano.
No primeirou round, Cunha pode estar vencendo. Dificilmente a Medida Provisória dos Portos será votada na Cãmara nesta segunda-feira. O mais provável é que a votação seja concluída apenas na terça-feira. Mas o governo pode rir por último, e rir melhor: conseguir votar e aprovar a medida na terça-feira. E, com isso, expor o líder Eduardo Cunha perante sua bancada e o conjunto de seu partido.
– Eduardo Cunha não está desgastado apenas perante o governo. Ele já começa a se desgastar perante a bancada, o partido e o conjunto dos líderes dos partidos aliados – disse uma fonte do PMDB.
Eduardo Cunha está defendendo a aprovação de uma emenda aglutinativa que foi por ele costurada com outros partidos. O ponto que ele defende é a licitação para a concessão de portos privados. Já o governo quer a possibilidade de renovação para os concessionários até data de 1993, quando foi aprovada a chamada Lei dos Portos; e não renovação e abertura de licitação para quem é concessionário depois da vigência da Lei.
O vice-presidente Michel Temer que, ao longo de muitos meses foi apontado como amigo de Eduardo Cunha, agora está fazendo reclamações do comportamento do líder. Ele disse que Cunha é “incontrolável”. Ele se referia à atuação de Eduardo Cunha nas últimas semanas para forçar o governo a negociar mudanças no texto da MP 595, e mais recentemente, a uma entrevista de Eduardo Cunha ao jornal Valor Econômico na qual ele faz críticas ao comportamento da presidente Dilma Rousseff. Se Dilma já não gostava do líder do partido que é seu principal aliado, hoje ela não o tolera. A ponto de ter se virado para evitar cumprimentá-lo em jantar na casa de Michel Temer, na semana passada.
O embate de Eduardo Cunha com o governo está tão forte que, na bancada do PMDB na Câmara, já há quem defenda que ele seja substituído imediatamente. Ele se tornou líder em votação apertada na bancada do PMDB num embate com o deputado Sandro Mabel. Agora, porém, fala-se que, se ele for destituído do posto pela maioria da bancada, o substituto poderá ser o deputado Danilo Fortes (CE).
por Cristiana Lôbo.