Os presidentes americano Barack Obama e cubano Raúl Castro realizaram nesta terça-feira (29), na sede da ONU em Nova York, sua primeira reunião bilateral desde a abertura das embaixadas em Washington e Havana em julho passado, após 50 anos de relações rompidas.
Segundo o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, Raúl pediu a Obama a suspensão do embargo contra Havana. Apesar da reaproximação diplomática entre os dois países, o embargo econômico ainda vigora e seu fim depende da aprovação do Congresso dos EUA.
“O presidente cubano reiterou que, para que haja relações normais entre Cuba e Estados Unidos, deve ser levantado o bloqueio que causa danos e privações ao povo cubano”, declarou Rodríguez em coletiva ao final do encontro.
“O ritmo do processo de normalização das relações bilaterais dependerá da suspensão do bloqueio, que a realidade do bloqueio seja modificada substancialmente mediante as amplas faculdades que o presidente dos Estados Unidos tem”, acrescentou.
“O presidente dos EUA se comprometeu a se envolver em um debate com o Congresso”, disse Rodríguez.
Nesta segunda, durante discurso ante a Assembleia Geral da ONU, Obama defendeu o levantamento do bloqueio e disse estar confiante de que o Congresso “inevitavelmente levantará um embargo que não deveria mais estar em vigor”, diante dos aplausos das delegações dos 193 países membros.
Com eleições marcadas para o final do próximo ano nos EUA, a incerteza sobre a disposição do próximo presidente para continuar a normalização com Cuba, o chanceler cubano indicou que Cuba quer aproveitar ao máximo o tempo que resta a Obama na Casa Branca.
“Sinto que há uma oportunidade de avançar significativamente na normalização das relações bilaterais no período do presidente Obama”, comentou. “Devemos aproveitar o tempo, aproveitar as oportunidades”.
Aperto de mãos
Obama e Castro apertaram as mãos no início do encontro, o segundo entre os dois desde a reunião de abril durante a Cúpula das Américas no Panamá.
Durante a reunião, realizada em um “ambiente respeitoso e construtivo”, segundo o chanceler cubano, os dois presidentes “trocaram pontos de vista sobre a recente visita do Papa Francisco a ambos países”.
Também decidiram “continuar trabalhando em uma agenda bilateral fixada na cooperação de terceiros países e desenvolvimento do diálogo bilateral”, segundo o chanceler.
Segundo comunicado da Casa Branca divulgado mais tarde, os dois líderes discutiram os próximos passos que cada governo pode adotar para aprofundar a cooperação. Obama “saudou o progresso feito no estabelecimento de relações diplomáticas, e ressaltou que as reformas contínuas em Cuba podem aumentar o impacto de mudanças regulatórias nos EUA”, disse a Casa Branca em comunicado sobre o encontro.
Embargo
Na segunda-feira, em seu discurso ante a Assembleia Geral da ONU, Obama pediu o levantamento do embargo de seu país contra Havana diante do olhar de Castro, presente pela primeira vez no grande encontro anual das Nações Unidas.
Em seu discurso, mais tarde no mesmo dia, Castro destacou a aproximação entre Havana e Washington, mas advertiu que ainda há um longo processo em direção à normalização dos laços bilaterais que só será concluído com o fim do bloqueio.
O Congresso é o único facultado para desmontar o embargo, uma estrutura legal em vigor desde 1962 que está codificado em várias normativas, a mais completa delas a lei Helms-Burton de 1996.
No entanto, o partido Republicano, que controla as duas câmaras do Congresso, é um opositor ferrenho da aproximação com Cuba e se nega a levantar as sanções contra a ilha.
Mas como demonstrou com outros assuntos na reta final de seu mandato, Obama não deixou que a oposição republicana interrompesse a aproximação com Cuba, localizada a apenas 140 quilômetros da Flórida (sudeste).
Fonte: Portal G1