O risco-país brasileiro medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos opera no menor nível em nove anos nesta segunda-feira (16). Depois de nove quedas consecutivas, o índice está em 98 pontos, menor valor desde novembro de 2010, queda de 2,3% na sessão às 12h42.
O CDS funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação a economias, especialmente as emergentes. Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país. Se ele cai, o recado é o inverso: sinaliza aumento da confiança em relação à capacidade de o país saldar suas dívidas.
Em 2010, o Brasil tinha o selo de bom pagador concedido pelas agências de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), Fitch e Moody’s, outra chancela acompanhada por investidores internacionais ao decidir aplicações em países emergentes, considerados mais arriscados.
Na última quarta (11), a S&P elevou de estável para positiva a perspectiva para o rating de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil, hoje em BB- (três degraus abaixo do selo de bom pagador). No mesmo dia, o Banco Central cortou a taxa básica de juros de 5% a 4,5% ao ano.
Embora preveja que a relação dívida/PIB do país deva continuar a crescer nos próximos três anos, a agência citou a perspectiva de melhora da posição fiscal do país, após a aprovação da reforma da Previdência e com a perspectiva de continuidade da agenda fiscal em 2020, embora o risco de reveses continue material.
O CDS começou a cair de forma mais vigorosa em junho, quando a reforma da Previdência estava em discussão na comissão especial da Câmara dos Deputados. A medida é vista como crucial para estabilizar a dívida pública, o que diminui o risco de um calote no futuro. Após o término da tramitação do projeto no Senado concluir, no final de outubro, o risco-país acelerou a queda.
O movimento desta segunda é fruto de um viés mais otimista no exterior e no Brasil. Na última sexta (13), China e Estados Unidos anunciaram que chegaram a um entendimento a respeito da fase 1 do acordo comercial para cessar a disputa econômica entre os países que já dura quase dois anos. Os detalhes ainda não foram divulgados, mas a primeira etapa do acordo envolve o aumento da compra produtos agrícolas americanos por parte da China e redução, por parte dos Estados Unidos, das tarifas sobre importações chinesas.
Para se somar ao cenário positivo, números da economia chinesa vieram melhores que o esperado nesta segunda. Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), as vendas do varejo no país cresceram 8% em novembro em relação ao mesmo mês de 2018, acima da expectativa do mercado. Em outubro, o crescimento foi de 7,2%. A produção industrial também acelerou e teve alta de 6,2% em novembro com relação a 2018, ante 4,% em outubro.
“Em geral, as leituras de novembro são recebidas de bom grado por investidores, mas acreditamos que ainda é cedo para definir um movimento de recuperação sustentável da economia chinesa, uma vez que, como foi o caso em setembro, já tivemos diversos meses com crescimento isolado”, diz relatório da Guide Investimentos.
O índice CSI 300, que mede o desempenho das Bolsas chinesas de Xangai e Shenzhen, fechou em alta de 0,5% e índices americanos operam em níveis recordes. Dow Jones sobe 0,7%, S&P 500, 0,8% e Nasdaq, 1%.
Em Londres, a Bolsa subiu 2,5% com a vitória do líder conservador Boris Johnson na eleição de quinta-feira (12), que pode levar à conclusão do brexit.
No Brasil, o Ibovespa também opera na máxima, a 113.025 pontos, alta de 0,4%, por volta das 12h30 . A cotação do dólar recua 0,7%, a R$ 4,08, menor valor desde 6 de novembro. O real é a segunda moeda emergente que mais se valoriza no pregão, atrás apebas do rand sul-africano.
Nesta segunda, o boletim Focus do Banco Central aponta um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2019 e 2020. De 1,1% na semana anterior, a expectativa do mercado para o PIB deste ano passou para 1,12%. Para o próximo ano, a expectativa foi de 2,24% a 2,25%.
Diário de Pernambuco