O baixo nível de água no Rio São Francisco tem dificultado a travessia de balsa, principal meio de ligação com o noroeste de Minas Gerais. A Prefeitura de São Francisco iniciou há cerca de um mês uma obra de aterro em um ponto seco no rio, para assim mudar o ponto de embarque da balsa em um lugar onde o nível de água é mais profundo. Mas, após denúncias, a obra foi embargada pela Polícia Militar de Meio Ambiente.
De acordo com o governo municipal, com a seca, a praia do rio aumentou cerca de 400 metros e assim o percurso da balsa diminuiria em até 60% se fosse feita tal alteração. Assim, segundo o prefeito Luiz Rocha, a medida foi tomada para dar segurança aos veículos que trafegam por meio da balsa. Ele alega não haver irregularidades no serviço.
“Na verdade, não é que seja ilegal, pois procuramos os órgãos competentes e todos não declinaram a competência. E por ser a única opção para que o tráfego não fosse interrompido definitivamente, iniciamos este trabalho. Houve a denúncia à Polícia Militar, que veio e parou a obra”, diz.
Segundo o ambientalista Eduardo Gomes, em caso de emergência é possível conseguir licenças para utilizar o recuo do rio. “Este impacto no rio sempre acontece. O leito do rio acompanha o curso da água. Essa obra seria emergencial, de utilidade pública, mas é necessário que tenha as licenças necessárias para a realização do serviço”, afirma.
No mês de agosto deste ano, por determinação da Marinha, o serviço foi interrompido e só foi liberado 20 dias depois, após a abertura de um canal para facilitar o tráfego. Mas de acordo com o gerente da balsa, João Lourenço Souza de Oliveira, o canal possui cerca de 2,5 metros de profundidade, pelo menos um metro a mais que o necessário para a travessia.
O problema, segundo ele, é que em alguns pontos a balsa pode encalhar. “Não sabemos mais até quando será possível atravessar. Certamente vamos ter de parar com o serviço se continuar do jeito que está”, afirma.
De acordo com a Polícia Militar de Meio Ambiente, um Boletim de Ocorrência foi registrado e encaminhado para o Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Até o fim da tarde desta sexta-feira (10), a Agência Nacional das Águas (ANA) e o MP não se pronunciaram sobre a regularidade da obra.
Paralisação
Neste período de paralisação da balsa, a entrega de alimentos ficou comprometida. “Pintópolis ficou desabastecida e os produtos que chegavam estavam inflacionados por causa do transporte. A sensação que nos dá é de total impotência, pois não temos como promover serviços básicos se somos extremamente dependentes desta travessia”, afirma o prefeito Arguinel Paixão Souza Pinto.
A paralisação atrapalha a ligação direto a seis municípios da região, afetando cerca de 100 mil pessoas. “Atravesso aqui duas vezes por dia. Sempre que a balsa para, atrapalha todo mundo, pois a vida nossa é isso aqui. Nós ficamos impedidos de consultarmos em outro município, além de não conseguirmos vender nossas mercadorias nestas cidades”, afirma o produtor rural Ednalvo Teixeira Lima.
Para o prefeito de Chapada Gaúcha, Vicente Gonçalves de Almeida, a solução definitiva para o problema seria a construção de uma ponte no Rio São Francisco. “A construção da ponte vai economizar em 420 quilômetros no escoamento de nossa produção de grãos, de soja e capim, além de interligar o norte de Minas com o noroeste e também a capital Federal.