Não bastassem os povoados cravados no polígono da seca, que enfrentam a maior estiagem dos últimos cinquenta anos, agora as comunidades ribeirinhas de Sento-Sé também enfrentam problemas no abastecimento de água. Com o nível da represa de Sobradinho baixo, fica cada vez mais difícil a captação de água no rio São Francisco para abastecer as povoações. Além da distância que chega até 18 km, a lama acumulada pelo assoreamento impede a captação de água de boa qualidade.
Outro problema grave são as algas tóxicas, oriundas da decomposição da vegetação rasteira das vazantes, que submersa pelas águas novas, apodrecem e viram um lodo verde fedorento, tornando a água imprópria para o consumo humano.
Acredita-se que o uso indiscriminado de agrotóxico nas plantações vem elevando gradativamente o nível de poluição das águas, numa escala desordenada e preocupante.
Em comunidades como Riacho dos Paes, Itapera, Traíra, Capeado e todo perímetro irrigado, a população se recusa a beber água do São Francisco, obrigando a administração municipal a criar novas alternativas de abastecimento, a mais comum é o Carro Pipa.
Sento-Sé é o município que enfrenta a pior situação na região, devido à posição geográfica. Ocorre que o município tem uma costa fluvial de mais de 300 km, está situado na margem direita do rio, e os ventos que sopram do Norte para o Sul, com maior intensidade, levam as impurezas para a praia, criando uma gigantesco lençol verde no espelho d`água.
Vinte e seis novos sistemas de abastecimento de água estão sendo construído pela CODEVASF, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas não há uma data certa para a entrega. Desde a mudança, na década de setenta, que as comunidades ribeirinhas, lamentam a falta de estrutura hídrica.
No último dia 13, manifestantes ligados ao Movimento dos Atingidos por Barragem, ocuparam a BA-210, na altura do povoado de Piçarrão para chamar a atenção do Governo Federal. Há mais de 30 anos, os atingidos por Sobradinho foram expulsos da beira do rio São Francisco e realocados para as áreas de caatinga, sem nenhuma estrutura e hoje sofrem as graves consequências da violenta seca por que passa o nordeste brasileiro. “Muitas vezes pegamos água na cabeça a três quilômetros, é muito sofrimento, e até hoje a água não chegou como deveria”, reclamou dona Josefa, da comunidade de Brejo de Fora.