Os shopping centers do país estão se preparando para enfrentar uma onda de “rolezinhos”, encontro de jovens marcados nos centros por meio das redes sociais.
Antes restritos à periferia de São Paulo, os eventos ganharam apoio de movimentos sociais nos últimos dias.
A tentativa dos shoppings de proibir os “rolezinhos” no último fim de semana insuflou a organização de novos encontros, agora com o caráter de protesto.
Ao menos três shoppings da capital conseguiram liminares que proibiam encontros no último sábado. Quem participasse, poderia ser multado em até R$ 10 mil.
A Abrasce (associação que reúne 264 shoppings no país) fará uma série de reuniões de emergência com representantes dos centros comerciais para tratar do assunto.
Os shoppings não descartam entrar novamente na Justiça para impedir novos “rolezinhos” e vão destacar mais seguranças nos próximos eventos, que vem sendo monitorados nas redes sociais.
As reuniões entre os representantes do setor acontecem hoje em São Paulo e amanhã em Porto Alegre. No Rio, ainda não há data.
O fenômeno dos “rolezinhos” surgiu no ano passado como uma forma de jovens de periferia de buscar diversão nos centros de compras, em eventos marcados pelo Facebook. Alguns deles tiveram correria e furtos.
Os encontros viraram tema até de reunião no Planalto. A presidente Dilma Rousseff surpreendeu ontem sua equipe ao convocar uma reunião para tratar dos “rolezinhos”.
O governo está preocupado com o potencial do movimento de se multiplicar.
As ações judiciais para impedi-los gera polêmica.
Quem é a favor diz que a manifestação leva medo aos demais frequentadores. Quem é contra alega que a medida é discriminatória e impede o direito de ir e vir.
No último sábado, a PM usou bombas de gás para dispersar os jovens que faziam um “rolezinho” no shopping Metrô Itaquera, na capital.
Agora, há “rolezinhos” marcados no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e em Pernambuco.
Só em São Paulo, há ao menos quatro programados para o próximo fim de semana em áreas como Tatuapé e Santana. Outro deve ocorrer no Parque Ibirapuera.
“Não abrimos mão da nossa imagem de lugar seguro e confortável”, diz Luiz Fernando Veiga, presidente da Abrasce. A entidade diz que os encontros também discutirão outros temas.
Além do Itaquera, conseguiram liminar os shoppings JK Iguatemi e Campo Limpo. Em Campinas, a Justiça não aceitou o pedido para impedir o evento em dois shoppings, mas determinou que houvesse reforço policial.
As liminares para barrar os “rolezinhos” num determinado shopping têm validade para outros centros e valem apenas para a data do evento.
Dez jovens foram citados na liminar. Segundo o TJ, os jovens terão 15 dias para se defender. Após isso, o juiz dará a sentença, que pode ser a aplicação da multa. Uma audiência de conciliação entre os participantes e o shopping também pode ser marcada.
Folha de S. Paulo


