
O Ministério Público Federal (MPF) informou à Justiça Federal que Fernando Migliaccio, investigado na 23ª fase da Operação Lava Jato, foi preso em Genebra, na Suíça. A prisão foi comunicada nesta terça-feira (23), entretanto ocorreu na quarta-feira (17). A prisão não tem relação com o mandado expedido no Brasil, que era desconhecido pelas autoridades estrangeiras, de acordo com o MPF.
“Ontem, 17 de fevereiro de 2016, por volta das 12:00 horas, a Polícia suíça prendeu o cidadão brasileiro Fernando Migliaccio da Silva em Genebra com base numa ordem do nosso Ministério público federal”, diz trecho do documento suíço enviado às autoridades brasileiras.
Segundo o Ministério Público Federal, existe na Suíça uma investigação autônoma sobre a Odebrecht. Isso, de acordo com os procuradores, pode indicar a relação da prisão com as investigações da Lava Jato. De qualquer forma, o MPF destaca que desconhece as razões da prisão de Migliaccio.
No âmbito da Lava Jato, a prisão de Migliaccio foi decretada em 11 de fevereiro deste ano – onze dias antes da deflagração da operação no Brasil. Segundo a investigação, ele era responsável por gerenciar contas usadas pela Odebrecht no exterior para pagar propinas para autoridades do Brasil e de outros países. Essas contas estavam atreladas a offshores.
Ainda conforme o MPF, Migliaccio mudou-se para o exterior após as buscas e apreensões feitas na Odebrecht, em 19 de junho de 2015. Para os procuradores da Força-tarefa, a mudança de Migliaccio – custeada pela Odebrecht – foi uma manobras de Marcelo Odebrecht e funcionários para dificultar as investigações.
A 23ª fase – Operação Acarajé
A 23ª fase prendeu o publicitário baiano João Santana e a esposa dele, Monica Moura. Marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, Santana recebeu US$ 7,5 milhões em conta secreta no exterior, segundo a PF e o Ministério Público Federal. Investigadores suspeitam que ele foi pago com propina de contratos da Petrobras.
“Há o indicativo claro de que esses valores têm origem na corrupção da própria Petrobras. É bom deixar isso bem claro, para que não se tenha a ilusão de que estamos trabalhando com caixa 2, somente”, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
Os supostos pagamentos ilegais para conta secreta de Santana seriam provenientes da construtora Odebrecht e do engenheiro Zwi Skornicki, representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels. Suspeita-se de pagamento de serviços eleitorais ao PT.
Santana, Monica Moura e Zwi Skornicki estão em Curitiba. A prisão do casal é temporária, já a do engenheiro é preventiva.
Confira a situação dos investigados até esta terça-feira:
Estão presos:
– João Santana – marqueteiro do PT – prisão temporária
– Monica Moura – sócia e mulher de João Santana – prisão temporária
– Zwi Skornicki – engenheiro apontado como operador do esquema- prisão preventiva
– Benedicto Barbosa – diretor-presidente da Construtora Norberto Odebrecht (CNO) – prisão temporária
– Vinícius Veiga Borin -administrador de uma consultoria financeira ligada à offshore da Odebrecht – prisão temporária
– Maria Lúcia Guimarães Tavares – funcionária da Odebrecht – prisão temporária
– Fernando Migliaccio – ex-funcionário da Odebrecht – prisão preventiva (detido na Suíça)
Ainda não foram detidos:
– Marcelo Rodrigues – suposto operador do esquema – prisão temporária
Fonte: Portal G1


