Preso na tarde de sábado (13), o suspeito de matar seis taxistas no Rio Grande do Sul é descrito pela polícia como “frio” e “calculista”. Em depoimento, o jovem confessou o assassinato de três motoristas no dia 28 de março em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, e outros três dois dias depois, em Porto Alegre. A prisão foi divulgada neste domingo (14).
O suspeito foi detido enquanto saía de seu apartamento no bairro Santa Cecília, em Porto Alegre. Em depoimento à delegada Melina Bueno Corrêa, da Delegacia de Homicídios, o jovem revelou detalhes de todos os crimes. Segundo a polícia, ele executava as vítimas com tiros na cabeça sem anunciar os assaltos e depois as roubava.
“Ele sentava no banco de trás, mandava parar o carro em um determinado lugar e, então, desferia dois tiros na cabeça da vítima. Ele sequer anunciava o assalto. Ele, primeiro, disparava, a pessoa morria e, depois disso, ele via o que ela tinha. Ele disse que pegava só dinheiro e aparelhos de telefone celular”, contou a delegada.
O depoimento do suspeito foi tomado ainda no sábado e durou mais de três horas. Segundo Melina, o jovem se mostrou tranquilo ao relatar em detalhes como escolhia as vítimas e executava os crimes. Em nenhum momento, diz a delegada, demostrou qualquer arrependimento.
“Ele foi extremamente tranquilo, inclusive colaborativo na hora de responder as perguntas. Foram três horas e meia de interrogatório, acompanhado pela advogada. Nós perguntávamos e ele contava detalhes, às vezes até mais do que a gente perguntava. Perguntei para ele sobre o que ele sentia ao disparar os tiros, e ele foi tranquilo, como se tivesse tendo uma conversa normal. Mostrou bastante frieza”, contou.
Natural de Santana do Livramento, o jovem veio morar em Porto Alegre há cerca de dois anos. Na capital, trabalhou como motoboy e corretor de imóveis. O perfil no Facebook diz que ele é estudante de Gestão Imobiliária na Ulbra. Também teve passagem pelo Exército, de onde foi expulso em 2010 por problemas disciplinares.
Para delegado, suspeito é ‘serial killer’
Quando o jovem cometeu os crimes, estava desempregado. Segundo a polícia, ele alegou que precisava de dinheiro para pagar o aluguel do apartamento que dividia com um amigo na capital gaúcha. Obteve R$ 470 com as três mortes na Fronteira e outros R$ 400 com as mortes na capital, além de ter ficado com outros pertences das vítimas. Depois, conseguiu emprego dando aulas de informática para crianças.
“Segundo seu relato, seria por motivação financeira. Ele reside em um apartamento que o locatício é R$ 1 mil, mais R$ 250 de condomínio. Esse valor estaria atrasado há 10 dias e ele precisava do dinheiro para pagar a locação. É claro que a investigação vai provar ou não a veracidade disso”, disse o chefe da Polícia Civil, delegado Ranolfo Vieira Júnior.
Autoridades da cúpula da segurança pública do Rio Grande do Sul, que concederam uma entrevista coletiva neste domingo (14), no Palácio da Polícia, para detalhar as investigações, também ficaram surpresas com a naturalidade que o suspeito descreveu os assassinatos em depoimentos. Há a desconfiança de que ele tenha problemas psicológicos.
“Sem dúvida alguma esse indivíduo, seja a motivação que seja, é uma espécie de um serial killer, matando sempre da mesma forma. Matando em Santana do Livramento, viajando para Porto Alegre, dando segmento da mesma forma. Mais ainda, ele refere que utilizou sempre a mesma arma”, comentou Ranolfo, confirmando que todas as vítimas foram executadas como um revólver calibre 22.
No apartamento do suspeito, a polícia encontrou três telefones celulares das vítimas. Um outro aparelho foi dado de presente a um irmão dele, em Santana do Livramento. Outro telefone foi usado pelo jovem para pagar um estacionamento na capital antes de ser rastreado e recuperado pela polícia. O recibo da passagem de ônibus de Santana do Livramento para Porto Alegre dois dias antes dos assassinatos na capital também foi encontrado.