A Polícia Civil informou que o homem e as duas mulheres, que prestaram depoimento na Delegacia de Garanhuns na quinta-feira (16), suspeitos de matar, esquartejar e enterrar duas mulheres, fariam parte de uma seita, que pregava a purificação do mundo e a diminuição populacional. A meta seria matar três mulheres por ano. Os suspeitos ainda teriam comido a carne das vítimas para “purificar a alma”. A informação está em um relato, escrito pelo homem, com os detalhes do crime.
A polícia informou também que uma das suspeitas assumiu que usava o nome de uma mulher assassinada pelo próprio grupo em 2008, em Olinda. Essa vítima seria a mãe da criança de cinco anos que morava com os três.
“Segundo os envolvidos, eles participam de uma seita chamada Cartel. E que teria uma seita contrária que seria chamada de “M” [das “mulheres impuras”]. Toda a culpa de eles estarem presos seria porque “M” interferiu nos planos deles”, revelou o delegado Wesley Fernandes, responsável pelo caso. Ele também explicou como o grupo escolhia as vítimas. “Segundo eles, ao passar pelas pessoas, uma entidade alertava que eram pessoas más”, disse.
As vítimas seriam atraídas até a casa dos suspeitos através de uma falsa promessa de emprego de babá. A mãe de uma das mulheres encontradas em Garanhuns contou como a filha encontrou o trio. “Ela fez plano, ficou alegre e disse: ‘mainha, com o primeiro salário que eu receber vou fazer logo meu barraquinho. Compro os tijolos e depois eu vou juntando a mão de obra’. Mas a gente estranhou porque um salário e meio, aqui, ninguém paga”, falou Selma Maria Leandro da Silva, mãe de Alexandra da Silva Falcão, desaparecida desde 15 de março. Exames ainda vão confirmar a identidade dos corpos encontrados.
O delegado Wesley Fernandes informou que o trio já teria planos de assassinar outra mulher, moradora do município de Lagoa do Ouro, que fica próximo a Garanhuns. A polícia também achou a certidão de nascimento da criança de 5 anos que vivia com os suspeitos. Ela seria fiha de uma mulher assassinada em Olinda.
A menina teria presenciado os assassinatos e revelado detalhes para a polícia. “Essa criança está no Conselho Tutelar, sob cuidados e vigilância do Juizado da Infância, que está tratando de todos os trâmites legais no sentido de conseguir um novo lar”, informou o delegado.
Na manhã da quinta, a população de Garanhuns incendiou a casa dos suspeitos. Segundo a polícia, isso pode atrapalhar as investigações. “A população, com revolta e querendo se vingar, tocou fogo na casa achando que estava ajudando. Mas pelo contrário. Ontem mesmo, depois do depoimento que a gente colheu dos três autores, a gente descobriu que há possibilidade de ter provas de outros crimes lá”, falou o comissário Cristiano Holanda.
Publicação
O homem suspeito de comandar o trio nos assassinatos fez um livro, ilustrado e registrado em cartório, onde conta detalhes dos crimes e da vida dele. Nas páginas, há informações de que ele era formado em Educação Física e era faixa preta em caratê. A publicação também informa atos de canibalismo. Os três comeriam a carne das vítimas para “purificar a alma”.
Entenda o caso
Um dos dois corpos seria de uma mulher desaparecida desde fevereiro; o outro, de uma mulher de 20 anos, que sumiu no dia 15 de março. Depois de as famílias das vítimas prestarem queixa na delegacia, a polícia chegou até os suspeitos quando uma fatura de cartão crédito chegou à casa de uma das mulheres. Imagens das câmeras de segurança de lojas onde as compras foram efetivadas mostravam os suspeitos.
As vítimas também teriam sido vistas perto da casa dos suspeitos antes de desaparecerem. A polícia conseguiu mandados de prisão e de busca e apreensão e, ao ser abordada, uma das suspeitas teria assumido os crimes e revelado o local onde as vítimas foram enterradas.