O sertão invadiu a capital baiana na noite de sexta-feira (3). E foi com casa cheia que Targino Gondim comandou o espetáculo ‘Sertão da Gente’, que abriu a segunda edição do projeto Celebração das Culturas dos Sertões, no Teatro Castro Alves. O espetáculo musical teve um repertório voltado para as manifestações que acontecem na região do semi-árido e homenageou dois veteranos: Bule-Bule e Dominguinhos.
“Foi emocionante porque além de fazer um espetáculo em uma casa como o TCA, também estava junto dos amigos, tocando as coisas que eu gosto de tocar e contando histórias do meu povo, o povo sertanejo”, disse Targino ao iBahia sobre a emoção de apresentar um projeto como este.
Ao lado da sua banda e do Quinteto Sanfônico do São Francisco, Targino recebeu convidados especiais e emocionou a plateia em cerca de duas horas de apresentação. Para abrir a noite, o grupo Samba de Véio do Rodeadouro esquentou o palco.
Depois foi a vez de Zezinho Aboiador se apresentar e anunciar o anfitrião da festa. Nilton Freitas, João Omar, Xangai e Elba Ramalho completaram as participações especiais da noite.
Sob direção artística de Fernando Marinho, um dos destaques do show foi o cenário. De bandeirolas estampadas em preto e branco a lua cheia, de casamento da roça a uma moça na janela, de bolinhas a bandeirolas coloridas, tudo em perfeita harmonia com a iluminação e a direção musical, assinada pelo próprio Targino Gondim.
No repertório, um dos pontos altos da noite foram as canções ‘Juazeiro’, ‘Esperando na Janela’ e ‘Eu Só Quero um Xodó’. “Uma vez Dominguinhos me disse: O (Gilberto) Gil fez com você – sobre ‘Esperando na Janela’ – o mesmo que fez comigo – por ‘Eu Só Quero um Xodó’ – na década de 70. O Brasil inteiro passou a conhecer a nossa música”, relembrou Targino.
Um dos momentos mais esperados da noite foi a participação de Elba Ramalho que entrou com a música ‘De Volta Para o Meu Aconchego’, e seguiu com ‘Carcará’ e ‘Lendas de São João’.”Foi linda a festa e eu adoro Targino. Quando a gente divide palco com um artista que a gente tem afinidade, amizade e admiração tudo funciona bacana. E outro adendo positivo, que aqui é imbatível, é o fato de cantar no Teatro Castro Alves que eu amo de paixão. Foi tudo maravilhoso, fiquei muito feliz”, contou Elba Ramalho ao iBahia.
Para fechar a festa, Targino apresentou a banda em ‘Asa Branca’, com solos dos sanfoneiros Flavio Baião, Vanderlei do Nordeste, Rennan Mendes, Cicinho de Assis e Gel Barbosa. Depois, reuniu todos os convidados e liberou o forró para a plateia, que se animou pertinho do palco.
A plateia emocionada, vibrou, aplaudiu e se sacudiu na cadeira do teatro. “Como sou do interior, e a minha cidade também sofreu com essa seca, achei o show emocionante. Quando ele falou que basta chover um pouco para tudo ficar verde, isso realmente acontece, é bem real. E também sou louca por forró, lembrei de casa e fiquei com saudade do São João”, comentou a estudante de comunicação, Suzana Rebouças, que nasceu na cidade de Marcionílio Souza.
“É um sentimento renovado tratar desse assunto: do sertão. É uma coisa que muito me alegra e me atrai. Eu sou um rapaz do sertão, sou sertanejo, sou vaqueiro, sou cantador e junto com esses músicos maravilhosos, esses poetas, eu me sinto mais feliz ainda”, comentou Xangai.
“O show mostrou o que a gente tem de mais forte: a nossa cultura, história, nosso povo e nossos artistas. Foi um espetáculo”, encerrou Targino