Os irmãos Gilberto dos Santos, 35 anos e Juveniano dos Santos, 39 anos, moram na comunidade de Pau Ferro, interior de Curaçá, na Bahia. Eles sempre trabalharam com plantio de hortaliças, legumes e frutas, porém nos períodos de estiagem não tinham como manter o quintal produtivo, devido à dificuldade com a água. Mas em 2012 essa realidade começou a ser modificada. Seu Juveniano pode vê sua cisterna calçadão armazenando água pela primeiravez, tecnologia implantada pelo Programa Uma Terra e Duas Água (P1+2). Com acesso à água de produção, o quintal produtivo foi intensificado. Hoje Juveniano tem plantação de tomate, pimentão, coentro e pretende aumentar mais a diversidade do cultivo. Ele fala com orgulho que já vem comercializando coentro.“Comercializo na vizinhança no fim de semana. Todo final de semana eu abasteço a vizinhança”, diz Seu Juveniano.
Gilberto mora aproximadamente a 200 metros de sua mãe e do irmão Juveniano. EleGilberto cuidando do plantio de beterraba. também desenvolve o cultivo de coentro, beterraba, umbuzeiro. Porém utiliza a água do poço artesiano de uso coletivo na comunidade para irrigar os plantios. A renda dos irmãos é adquirida através da criação de cabras, ovelhas esporadicamente dos trabalhos realizados em outras propriedades. De acordo com os dois, agora a renda tem um complemento a mais, proveniente das vendas das hortaliças. Além de utilizar a água para irrigar o plantio, Gilberto e Juveniano fazem o uso dela para produzir o adubo orgânico, a partir do esterco curtido, único adubo utilizado na propriedade. “Primeiro junta o esterco, depois molha, deixa descansar por três dias, aí revira, mexendo todo o esterco. Daí por diante, fica mexendo e molhando o esterco”, diz Juveniano, explicando ser esse o processo de curtir o esterco. Gilberto ressalta que a adubação orgânica ajuda na conservação do solo e ainda gera economia na compra de adubos.
Outra alternativa encontrada para diminuir gastos é o cultivo de palmas, leucena e melancia do mato, vegetais que vão ser utilizados na alimentação das cabras e ovelhas. A prática de produzir e armazenar forragem, silagem, tem ajudado a diminuir a perda das criações, por motivos de desnutrição. Gilberto tem estocado leucena, que dar para auxiliar na alimentação dos animais, no momento crítico da estiagem, em um período aproximadamente de três meses.
Para Juveniano, as cisternas e o conhecimento de práticas de Convivência com o Semiárido tem melhorado a qualidade de vida do povo sertanejo e possibilitado a realização de novas experiências de trabalho com a terra. “Com o conhecimento a gente cria tudo, tem a criatividade de desenvolver novas experiências, como a silagem, feno, pois as pessoas mais velhas não tinham esse conhecimento, antes só alimentavam os animais com ração”, comentou Juveniano. Todo esse conhecimento também despertou Gilberto a preservar o bioma Caatinga. Na propriedade, existe uma área cercada, impossibilitando o acesso das cabras e ovelhas, possibilitando dessa forma que as plantas nativas, como a umburana, angico, aroeira e outras sejam recuperadas. Desde 2006, esse espaço está isolado. Gilberto diz que já visualiza uma recuperação da Caatinga, pois “antes a Caatinga estava muito acabada, agora está mais verde e fechada”. Além de conservar a Caatinga, as folhas verdes que caem no chão são recolhidas e oferecidas às criações.
Texto e foto: Comunicação Irpaa