A uma semana do fim do prazo para ofertas ao novo leilão de 4G, surge uma nova possibilidade de consolidação no mercado de telefonia brasileiro. A TIM – que as rivais pretendem fatiar após uma aquisição conjunta – estaria interessada em comprar a Oi, segundo notícia publicada nesta terça-feira pelo diário econômico italiano “Il Sole 24 Ore” e pela agência Bloomberg. Um dos objetivos da parceria seria enfrentar a concorrência da Telefônica, que controla a Vivo.
A Telecom Italia, que detém fatia de 67% na TIM, já teria contratado consultores para sondar a possibilidade de adquirir a operadora brasileira por meio da TIM. Mas, segundo analistas, o negócio poderia enfrentar uma série de empecilhos financeiros e concorrenciais para se concretizar.
Com a notícia, as ações da Oi subiram 8,61% (R$ 1,64) na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os portugueses ficaram eufóricos com o rumor, e a Portugal Telecom, que está em processo de fusão com a Oi, avançou 6,07% (EUR 1,78) na Bolsa de Lisboa. Já as ações da TIM caíram 4,14% (R$ 13,20): segundo o analista Lucas Marins, da Ativa, o papel estava sendo negociado com um prêmio na expectativa de que a operadora fosse vendida.
Na avaliação de Mario Cesar de Araujo, ex-diretor executivo e ex-presidente do conselho da TIM, o movimento da operadora faz sentido, depois do revés na tentativa de compra da GVT, do grupo Vivendi. O conglomerado francês pôs de lado a proposta da TIM pela companhia e decidiu negociar apenas com a espanhola Telefónica (controladora da Vivo), que ofereceu 7,45 bilhões de euros pela GVT. Mas ele admite que a TIM não tem capital para bancar uma aquisição e teria que buscar um sócio.
“Pode também ser um jogo de mercado, a TIM sinalizando que está viva, que não está na posição de ser vendida”, observou o dono da consultoria MC Sistemas.
Fontes ligadas à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) consideram impraticável a compra da Oi pela TIM. A principal razão é a falta de capital tanto da Telecom Italia como da TIM para fazer a aquisição de uma empresa com alto grau de endividamento como a Oi. Para essas fontes, tais rumores parecem mais um “balão de ensaio” para mostrar que a empresa “está viva”.
A notícia surpreendeu analistas porque, até então, era a compra da TIM pela Oi que vinha sendo tocada. No fim de agosto, a Oi informou ter contratado o banco BTG Pactual para formatar uma proposta. A ideia seria adquirir a operadora junto com a Vivo e a Claro, o que representaria o fatiamento da TIM.
Na avaliação de Juarez Quadros, ex-ministro das Comunicações e sócio da consultoria Orion, a proximidade do leilão da frequência de 700 MHz do 4G está apressando o processo de consolidação nesse mercado. “Fazer movimentos de compra depois de adquirir frequência não faz muito sentido, porque, se a compra resultar em sobreposição de espectro, a operadora é obrigada a abrir mão dela.”
Felipe Silveira e Daniel Liberato, analistas da Coinvalores, avaliam que Oi e TIM são complementares, já que a primeira é líder em telefonia fixa e é relevante em banda larga e a segunda é a vice-líder em telefonia móvel. Mesmo assim, eles veem empecilhos regulatórios, já que, em alguns estados, a companhia resultante teria mais de 50% de participação no mercado móvel, o que é vedado. Para Quadros, a união representaria um revés para os consumidores, já que diminuiria a concorrência.
Nenhuma das empresas envolvidas quis comentar a informação.
Diário de Pernambuco