O câncer na tireoide que afeta a presidente da Argentina, Cristina Fernandez Kirchner, atinge três vezes mais mulheres do que homens, segundo dados divulgados pela Associação Americana do Câncer, uma entidade de combate à doença com sede nos Estados Unidos.
Cristina foi diagnosticada com um carcinoma papilar da tireoide, um tumor maligno que oferece um prognóstico predominantemente positivo aos seus portadores – uma taxa de sobrevivência de mais de 10 anos em 95% dos casos, de acordo com informações do Instituto Nacional de Saúde, dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês).
Além de ter maior incidência desse tipo de câncer do que os homens, as mulheres também tendem a apresentar o tumor mais cedo.
Entre as mulheres, é comum que o câncer da tiroide seja identificado entre os 40 e os 59 anos de idade. Enquanto que entre os homens ele tende a só se manifestar dos 60 aos 79 anos de idade.
Sobrevivência
As chances de sobrevivência dependem principalmente da idade do paciente e do quão cedo o câncer é detectado.
O oncologista mexicano Luis Ferbeyre disse à BBC que este tipo de câncer não é preocupante se identificado em uma pessoa jovem, mas que a situação é distinta em se tratando de pacientes mais velhos. Ele destacou, no entanto, que o tumor é curável na maior parte dos casos.
”Quando o paciente tem mais de 45 anos, o caso é mais delicado. Quando mais velho se é, maiores as chances de haver metástase”, comentou.
O porta-voz do governo argentino, Alferdo Scoccimaro, disse que no caso de Cristina ”se constatou a ausência de comprometimento dos gânglios linfáticos e a inexistência de metástase”.
Entre os sintomas está o aumento da tireoide, glândula responsável pela secreção de hormônios que controlam o metabolismo do organismo, que pode ocasionar mudanças na voz, devido à proximidade entre a glândula e as cordas vocais, e dificuldades em engolir.
Recuperação
A presidente da Argentina será operada em Buenos Aires, no próximo dia 4 de janeiro. A internação deve durar 72 horas e sua recuperação será de 20 dias, segundo informou o porta-voz da Presidência.
O tratamento de combate ao câncer da tiroide não exige a prática da quimioterapia. Normalmente, os portadores do tumor têm a glândula tireoide retirada por meio de uma cirurgia e o paciente é tratado por meio da ingestão de iodo radioativo, uma substância que destrói as células cancerígenas.
Os hormônios normalmente produzidos pela glândula retirada passam a ser repostos por hormônios sintéticos ingeridos via oral.
A cirurgia é muito delicada porque, de acordo com o NIH, pode provocar danos ao nervo que coordena as cordas vocais.
Já houve casos em que médicos retiraram acidentalmente durante a cirurgia de extração do tumor a glândula paratiroide, que regula os níveis de cálcio no sangue.