Um tiroteio na manhã desta sexta-feira, 6, na Rocinha, dois dias depois da morte do cabo do Batalhão de Choque Rodrigo Alves Cavalcante, baleado durante patrulhamento na região, elevou o clima de tensão na comunidade, a maior da zona sul do Rio.
Policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar e três homens armados entraram em confronto por volta das 11h, na parte alta do bairro. Os militares faziam uma patrulha de rotina quando foram surpreendidos pelos tiros. Ninguém ficou ferido e os bandidos conseguiram fugir.
Em outra localidade, a polícia apreendeu um fuzil e munições que foram deixados por homens não identificados na rua do Valão, no acesso à favela, após a aproximação de uma patrulha. Este foi o primeiro armamento pesado encontrado na comunidade após a ocupação do local pelas forças de pacificação da PM, em novembro.
O clima de apreensão na Rocinha começou na madrugada. Uma patrulha da polícia interveio para conter um princípio de tumulto na saída de um baile funk, por volta das 4h30, e foi hostilizada por moradores que atiraram pedras nas viaturas. Um homem foi detido. A favela vive uma escalada de violência desde fevereiro. Nove pessoas já foram mortas, entre elas o cabo Cavalcante, de 33 anos. Ele foi atingido quando participava de uma patrulha a pé no alto do morro. De acordo com a Delegacia de Homicídios, os responsáveis pelos crimes já foram identificados e indiciados.
Entretanto, ninguém foi preso até agora. O principal suspeito da morte do cabo, o traficante Edílson Tenório de Araújo, teve a prisão temporária decretada pela justiça do Rio mas está foragido. Edílson é apontado como integrante da quadrilha de Inácio de Castro Silva, conhecido como Canelão. Após a ocupação da Rocinha, o traficante ligado à facção Comando Vermelho (CV) estaria disputando o controle do comércio de drogas na favela com a quadrilha de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, que integra a facção Amigos dos Amigos (ADA).