A frequente troca de ministros no governo de Michel Temer dificulta a execução de programas de longo prazo, atrapalha o funcionamento da burocracia e pode reduzir a eficiência da prestação de serviços, segundo avaliação de especialistas ouvidos pelo G1.
Atualmente, o presidente enfrenta dificuldades no Judiciário para que a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) tome posse como ministra do Trabalho.
Desde o início do governo, há um ano e oito meses, 15 ministros já foram substituídos em 11 pastas. Outros 11 a 15 titulares do primeiro escalão podem sair até abril em razão da campanha eleitoral.
O primeiro escalão de Temer é composto no momento por 28 ministérios. Com a série de mudanças, as pastas da Justiça, Cultura e Secretaria de Governo contabilizam três ministros em menos de dois anos, enquanto os ministérios do Trabalho, da Indústria e Comércio Exterior e da Transparência estão nas mãos de interinos.
Especialistas ouvidos pelo G1 avaliam que as alterações constantes na Esplanada provocam descontinuidade no trabalho dos ministérios, atrasando ou paralisando programas que estão em execução.
“As trocas são um obstáculo para as políticas públicas. Cada ministro tem sua prioridade, que nem sempre é a mesma do ministro anterior. O impacto das trocas é reduzido em ministérios nos quais há um grau maior independência da burocracia, com mais servidores estáveis”, diz Alketa Peci, professora da FGV-Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, da Fundação Getúlio Vargas).
“A cada troca de ministros, é substituído o estafe e são alteradas as diretrizes e a forma de trabalhar. Como na administração pública federal direta existem mais de 22 mil cargos de confiança, a maioria objeto de indicações políticas, a cada troca de ministros mudam vários burocratas apadrinhados”, explica afirma o especialista em gastos públicos Gil Castello Branco, secretário-geral da ONG Contas Abertas.
Professor de administração pública da Universidade de Brasília, José Matias-Pereira avalia que o troca-troca provoca uma “paralisia” e compromete a produtividade do serviço público.
“Se o ministro chega e trava a máquina durante algum tempo, a produtividade nesse ministério, de cada servidor, vai para um patamar extremamente baixo, provocando oferta de serviços públicos de péssima qualidade”, frisa.
TROCAS DE MINISTROS NO GOVERNO TEMER
| MINISTÉRIO | QUEM SAIU | QUANDO | QUEM ENTROU | QUANDO |
| Planejamento | Romero Jucá | 23.03.2016 | Dyogo Oliveira | 31.03.2017 |
| Transparência | Fabiano Silveira | 30.05.2016 | Torquato Jardim | 02.06.2016 |
| Turismo | Henrique Alves | 16.06.2016 | Marx Beltrão | 05.10.2016 |
| AGU | Fábio Medina Osório | 09.09.2016 | Grace Mendonça | 14.09.2016 |
| Cultura | Marcelo Calero | 18.11.2016 | Roberto Freire | 23.11.2016 |
| Secretaria de Governo | Geddel Vieira Lima | 25.11.2016 | Antonio Imbassahy | 03.02.2017 |
| Justiça | Alexandre de Moraes | 07.02.2017 | Osmar Serraglio | 07.03.2017 |
| Relações Exteriores | José Serra | 22.02.2017 | Aloysio Nunes | 07.03.2017 |
| Cultura | Roberto Freire | 18.05.2017 | Sérgio Sá Leitão | 25.07.2017 |
| Justiça | Osmar Serraglio | 28.05.2017 | Torquato Jardim | 31.05.2017 |
| Transparência | Torquato Jardim | 28.05.2017 | Wagner Rosário (interino) | 31.05.2017 |
| Cidades | Bruno Araújo | 13.11.2017 | Alexandre Baldy | 22.11.2017 |
| Secretaria de Governo | Antonio Imbassahy | 14.12.2017 | Carlos Marun | 15.12.2017 |
| Trabalho | Ronaldo Nogueira | 27.12.2017 | Helton Yomura (interino) | 29.12.2017 |
| Indústria | Marcos Pereira | 03.01.2018 | Marcos Jorge (interino) | 05.01.2018 |




