Uma brutal desigualdade

Esta nação é a sexta potência mundial, está caminhando para no próximo ano ser a quinta. Como é que um país quer ser a quinta potência mundial e no seu bojo as pessoas não têm água para beber, não têm educação digna, não têm trabalho, não têm uma agricultura moderna – nem moderna nem sem ser moderna?

É brutal a desigualdade socioeconômica entre as regiões do Centro-Sul e o Semiárido nordestino. Chegou a hora de pôr fim às desigualdades inter-regionais no Brasil. A Federação não pode contemplar isso de braços cruzados, indiferente à sorte dos nossos patrícios do Semiárido. Está na hora de um basta! É o que o Semiárido e as suas populações esperam deste novo século. Nós não vamos continuar neste século novo com a mesma postura, o mesmo comportamento dos séculos anteriores. É necessário que apareça alguma novidade para esta Federação.

É sabido que a Federação é a união de estados que geram a União Federal. Os estados não podem se unir para uns serem tão fortes e outros, tão fracos. A presidente Dilma Rousseff tem feito uma série de correções socioeconômicas no país, mas isso ainda não chegou no Semiárido, de onde ela realmente deveria ter começado. Nós somos pacientes, mas a paciência está chegando no limite. Nós confiamos que o Governo da República, muito em breve, ponha um foco nesta coisa insuportável, inaceitável, que é a desigualdade brutal que existe entre o Semiárido e o restante do país!

Esta nação é a sexta potência mundial, está caminhando para no próximo ano ser a quinta. Como é que um país quer ser a quinta potência mundial e no seu bojo as pessoas não têm água para beber, não têm educação digna, não têm trabalho, não têm uma agricultura moderna – nem moderna nem sem ser moderna? Os juros e prazos para a agricultura no Centro-Sul e no Semiárido nordestino são iguais, no entanto, as condições socioeconômicas dessas regiões não são iguaizinhas. Creio que está na hora de uma revisão comportamental das políticas públicas brasileiras. Essa revisão precisa acontecer para pôr fim nas desigualdades.

Nós temos hoje, o Brasil como potência econômica, fiscal e, por isso, tem condições bastantes para focalizar essas coisas. Vejamos um exemplo mundial – o exemplo que aconteceu nos Estados Unidos – o deserto da Califórnia transformou-se na região mais rica do país, então as coisas têm solução, não pode é ficar sem solução. O Noroeste do México foi muito bem irrigado, ou seja, criaram uma condição digna para seus habitantes, onde existia um deserto. Em Nebrasca, nos Estados Unidos, há mais irrigação que na Califórnia. Se citarmos a Índia, China, todos esses povos enfrentaram o desafio da aridez. E aqui não enfrentamos, estamos contemplando a aridez, quase achando engraçado. O nordestino do Semiárido não aceita mais isso!

O problema não é nosso. O problema é do Brasil. Nós somos apenas vítimas da indiferença! Não somos vítimas da natureza, a natureza é nossa amiga. Um sábio francês, certa vez, após ter conhecido o Rio São Francisco, disse que um país que tem o São Francisco devia ter vergonha de ser pobre. Se ele se limitasse a um Semiárido que tem o São Francisco, ele ficaria ainda mais horrorizado. Como é que o Semiárido que tem o Rio São Francisco, o Rio Parnaíba, o subsolo rico em água, e continua fraco, pobre?

A nação precisa despertar para esse dever. O Brasil tem o dever de não demorar mais e, urgentemente, formular soluções para a situação do Semiárido nordestino.

Enfrentamos a maior seca de todas, não sabemos o que vem pela frente. Hoje, no Semiárido, eu digo que os homens não vão morrer de fome, porque no Governo da Revolução criou-se uma ajuda financeira aos idosos, da área rural, sobretudo, e eles vão sobrevivendo com o mínimo. Fernando Henrique Cardoso criou a Bolsa Escola, que foi transformada em Bolsa Família por Lula, o que também é um socorro. Mas, essas providências não foram criadas para resolver problemas do Semiárido das regiões pobres, são abrangentes para o Brasil inteiro. Cuidados especiais com o Semiárido, nunca ninguém teve. Esses auxílios financeiros são para o Brasil inteiro. Nós precisamos de tratamentos diferentes para regiões diferentes! Regiões diferentes que são tratadas igualmente é uma injustiça enorme!

Está na hora de se enfrentar o problema do Semiárido. Repetindo: as pessoas não vão morrer de fome, mas os animais vão morrer de sede e de fome, estão morrendo de sede e de fome e não há quem impeça essa marcha desse morticínio. A falta d’água é grande, os caminhões-pipa socorrem os homens, as mulheres e as crianças, mas não dão água aos animais. O Governo é relaxado. O Governo não fez as adutoras, o uso dos grandes açudes, está colhendo aquilo onde ele foi negligente até agora.

Nós somos vítimas de muitos adversários. Epitácio Pessoa, depois da grande seca de 1919, assumiu o governo e criou um grande programa de atenção para o semiárido. Veio o governo do presidente Artur Bernardes e acabou com o programa. Todas as obras viraram esqueletos, tornaram-se escombros, perdidos ao longo do tempo.

Está na hora de um Brasil novo, de um tempo novo! Vamos convencer os nossos governantes dos seus deveres. Os nossos governantes têm muita culpa no cartório. Eu não vejo ninguém esbravejar nem no Senado, nem na Câmara dos Deputados, nem nos Gabinetes Ministeriais por uma solução que o Semiárido tanto grita, tanto reclama e não é ouvido.

Osvaldo Coelho (DEM/PE)

Foi deputado federal por oito legislaturas.

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