Devido à escalada dos gastos do governo federal e dos Estados, a poupança feita em 2013 para o abatimento da dívida pública foi a menor em 15 anos.
Segundo os dados divulgados pelo Banco Central, essa poupança, chamada superávit primário, ficou em R$ 91,3 bilhões, o equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto, ou seja, da renda do país.
Trata-se do menor percentual desde os 0,33% de 1998, às vésperas do colapso do Plano Real. No ano seguinte, o governo iniciou o programa de ajuste fiscal.
Na teoria, a meta oficial é poupar 3,1% do PIB. Nos últimos cinco anos, isso só aconteceu em 2011, no início do governo Dilma Rousseff.
Embora a escalada dos gastos do governo federal tenha maior impacto na economia, é nos Estados que acontece a deterioração fiscal mais aguda.
No ano passado, o superavit dos Estados foi de R$ 13 bilhões, ou 0,27% do PIB, menor patamar desde 1999. Há apenas cinco anos, o superavit dos Estados rondava 0,9% do PIB.
A piora das contas estaduais foi estimulada pelo governo federal, que, na tentativa de estimular a economia, autorizou a atual safra de governadores a tomar mais empréstimos para elevar investimentos.
Ainda não há dados fechados sobre as contas de cada Estado, mas, até outubro, governos como o do Rio de Janeiro, comandado por Sérgio Cabral (PMDB), e Pernambuco, do presidenciável Eduardo Campos (PSB), tinham deficit em suas contas.
Apenas as contas dos municípios melhoraram no período. Não é difícil entender: 2012 foi ano de eleições para prefeito, quando os gastos aumentam; no primeiro ano de mandato, é preciso ajustar o caixa.
A poupança dos governos foi, como de hábito, insuficiente para pagar os juros da dívida pública, que aumentaram e custaram R$ 248,9 bilhões.
Houve portanto, um deficit de R$ 157,6 bilhões, equivalente a 3,28% do PIB. O buraco nas contas tem crescido no governo Dilma Rousseff.
Apesar disso, a dívida pública tem caído como proporção do PIB, na metodologia adotada pelo governo brasileiro -que desconta o valor dos créditos do governo, como as reservas em dólar do BC.
A dívida fechou o ano em 33,8% do PIB, com boa ajuda da alta do dólar, que elevou o valor em reais das reservas do BC.
Folha de S. Paulo