“Ao contrário do que se imagina, o obstáculo a esse acordo não é o Mercosul”, disse Serra, que sempre foi crítico do fato de o Brasil depender de seus sócios no bloco para avançar nas negociações. “É a União Europeia, que não quer abrir mercado aos produtos agrícolas.”
Outra afirmação dá uma amostra do que deve ser o tom da negociação. “A União Europeia está em falta conosco, porque ficou de apresentar oferta para alguns produtos e não apresentou.” E ainda: “Só faremos concessões se recebermos algo em troca; não gosto de concessões unilaterais.”
No dia 11 de maio, enquanto o Senado discutia se admitiria ou não o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Mercosul e UE trocaram ofertas com vistas a fechar um acordo comercial, colocando fim a mais de uma década de paralisia. Segundo fontes, a proposta europeia frustrou por ser, basicamente, a mesma que estava sobre a mesa desde 2004, embora o bloco tivesse indicado que traria algo melhor. As principais ausências da oferta, a que o ministro se referiu, foram a carne e o etanol.
Nesta semana, Serra vai se encontrar com a comissária de Comércio da União Europeia, Cecilia Malmström. Também vai dialogar com autoridades da França, um dos países que mais resistem ao acordo por causa de sua produção agrícola.
Em outra frente, o ministro vai se reunir com a secretária de Comércio dos EUA, Penny Pritzker, e com o representante de Comércio americano, Michael Froman. Com eles, a conversa será sobre uma estratégia de cooperação em diferentes áreas. “A indicação do (embaixador) Sérgio Amaral para Washington expressa a prioridade que daremos à nossa relação”, disse o ministro. Na pauta comercial, estarão a carne e as barreiras não tarifárias.