O agrotóxico engeo pleno, jogado sobre uma escola da zona rural de Rio Verde, no sudoeste de Goiás, na sexta-feira (3), não poderia ser usados em aviões. A informação é do delegado regional de Rio Verde, Danilo Carvalho, que apreendeu a nota fiscal do produto utilizado. Segundo ele, pelas leis ambiental e de utilização de agrotóxico, o inseticida só pode ser aplicado via terrestre.
O delegado explicou que o receituário agronômico do veneno é bem claro ao dizer que ele não pode ser pulverizado de forma aérea, somente pelo chão. “Mesmo assim, tomando todas as medidas de precaução para evitar que ele pudesse contaminar e trazer risco a saúde de qualquer ser humano”, explicou.
Na sexta-feira (3), o piloto, o proprietário da empresa dona do avião e o responsável técnico foram presos por causa do incidente. De acordo com Danilo Carvalho, a lei diz que todos eles devem ser responsabilizados pelo crime, uma vez que não tomaram as medidas necessárias para a utilização do produto.
Em trabalho conjunto com a Polícia Técnico-Científica e a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), a Polícia Civil também teve acesso ao GPS que estava na aeronave. O plano de voo indicou que o avião sobrevoou a escola a pelo menos 15 metros de distância.
A Aerotex Aviação Agrícola LTDA responsável pela aplicação de agrotóxicos no local disse que não houve derramamento de veneno sobre a escola. A empresa afirma ainda que está apurando as possíveis causas do acidente.
Intoxicadas
O avião que pulverizou o veneno na quadra de esportes da escola passou pelo local na manhã de sexta-feira (3). O colégio fica no Assentamento Pontal dos Buritis, às margens da GO-174, a cerca de 130km de Rio Verde. No momento em que o agrotóxico foi despejado, 122 alunos estavam no estudando.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, 37 pessoas foram intoxicadas, sendo oito adultos. As 29 crianças, com idade entre seis e 14 anos, foram atingidas enquanto brincavam na quadra de esportes.
Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), 42 alunos chegaram a ser levados para hospitais de Rio Verde e Montividiu vomitando, sentido tonturas e fortes dores de cabeça, que segundo o órgão, é comum em casos de intoxicação. Desses, 29 ficaram internados. O diretor e uma professora da escola que tentaram retirar os alunos da quadra também precisaram ser atendidos.
Liberados
Todas as pessoas que foram intoxicadas, mesmo as que já haviam recebido alta hospitalar, tiveram que passar a noite de sexta-feira em observação por determinação da Secretaria Estadual de Goiás (SES).
Na manhã deste sábado, a maioria dos estudantes foi liberada. Três crianças continuam internadas em observação. Mesmo após elas voltarem para casa, os pais terão que ficar atentos pelos próximos cinco dias por causa de possíveis sintomas como dor de cabeça, vômito e coceira.
“Se surgir algum sintoma tardio, eles devem nos procurar, pois há médicos disponíveis 24 horas para atendimento”, diz Gilsa Diniz Dias, coordenadora do Centro Toxicológico.
Por causa do incidente, uma escola municipal de Rio Verde, próxima ao hospital municipal, foi transformada em enfermaria para auxiliar no atendimento de todos os pacientes.