No município de Lagoa Grande (PE), cerca de 250 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a vinícola Biachetti, na manhã deste domingo (10). Segundo o movimento, dentre os motivos para a ação do grupo está o fato de a fazenda ser improdutiva. “Além de ser improdutiva, a fazenda está há dois anos em um processo de falência, pois é devedora tanto aos bancos, como também ao INSS”, declarou o diretor do MST-PE, Jaime Amorim.
Em contrapartida ao motivo apresentado pelas famílias, a proprietária do imóvel, Isanete Bianchetti Tedesco, declarou que não procede a informação sobre a terra ser improdutiva. “Por que eles alegam isso? E como que eu estou produzindo as uvas, engarrafando os vinhos, os sucos e os espumantes? A minha vinícola existe desde 1998, quando engarrafei o primeiro vinho, até hoje”, ressaltou Bianchetti.
Sabendo sobre a defesa da proprietária, o MST reafirma a informação. No entanto, eles devem solicitar que haja uma vistoria por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em Pernambuco (INCRA-PE). “Os proprietários sempre vão alegar que a terra é produtiva. Mas, somente quem pode dizer se é improdutiva ou não é o INCRA, e não nós. Nós ocupamos, mas o que nós solicitamos é que o INCRA vá fazer a vistoria para a classificação do imóvel”, disparou Amorim.
Diante da ação do movimento, a proprietária da vinícola informou que já foi até a delegacia do município, formalizar uma queixa. “Eu fui hoje à delegacia, e o boletim já está feito. Só falta digitalizar, pois a delegacia não estava conseguindo fazer isso. Estou aguardando que o sistema retorne e eu vou lá amanhã de manhã, para dar entrada na Justiça. Pois tenho que ter primeiro o B.O. e em seguida, tenho que entregar uma petição para a juíza”, concluiu Isanete.
Além da Bianchetti, Milano, uma fazenda vizinha que administra a vinícola Botticelli, também produtora do Vale do São Francisco, foi ocupada por integrantes do MST desde o último dia 12 de outubro. O argumento foi o mesmo, de que a terra é improdutiva e que o proprietário possui dívidas trabalhistas. Segundo o movimento, 1,6 mil famílias ainda ocupam a área.
As informações são da Folha de Pernambuco.