Um dia depois da eleição da nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa da Bahia, os ruídos na base do governo começam a ecoar.
Na manhã desta quinta-feira, 2, minutos antes da abertura dos trabalhos na Casa, o secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, o ex-governador Jaques Wagner (PT), criticou a postura do PCdoB por ter recuado no apoio à candidatura de Marcelo Nilo (PSL) para votar em Ângelo Coronel (PSD), na disputa pela presidência do Legislativo.
Wagner disse que esperava do aliado histórico, que ganhou para o deputado Fabrício Falcão a 3ª Secretaria da Mesa Diretora, a mesma postura do PT e o do PSB, que se mantiveram todo o tempo ao lado do ex-presidente Marcelo Nilo.
“O PCdo B estava o tempo todo [apoiando Nilo]. Eu até estranho, porque eu conversei com Davidson (Magalhães, presidente estadual da legenda) pelo telefone e depois não houve nem a delicadeza dele de me comunicar que iam mudar de posição. É um direito deles, mas não acho que foi uma postura. Acho que é elogiável a postura do PSB e do PT”.
O secretário, que foi um dos articuladores no governo da sexta candidatura de Marcelo Nilo à presidência do Legislativo, disse que esperava outra postura do deputado federal Davidson Magalhães. Primeiro suplente da coligação que apoio a eleição de Rui Costa, Magalhães está em Brasilia ocupando a vaga de Josias Gomes, que se licenciou do mandato de deputado federal para assumir a secretária de Relações Institucionais do governo do estado.
Jaques Wagner disse que não gostou da postura de do comunista. “Conversei com o presidente do partido em Brasília e ele me disse que estava trabalhando, porque naquele momento ainda havia a hipótese de se ter uma candidatura única de terceira via, e eles (bancada do partido) anunciaram sem avisar Marcelo Nilo que era o candidato e sem avisar a mim”, cobrou Wagner. “O governador, não sei (se foi informado), mas acho que não foi a postura que eu esperava (do PCdoB)”.
Para o petista, pessoas que não admitem uma derrota, nunca merecerão uma vitória maior. “Aqueles quer estão sempre preocupados em manter vitórias cotidianas jamais terão vitórias estratégicas. Mas é decisão deles”, avaliou o secretário.
Fortalecimento de Otto
Quanto a afirmação da oposição liderada pelo prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) de que o governo saiu do processo eleitoral da Assembleia Legislativa como perdedor, o ex-governador disse que “cada um faz a versão que lhe interessa” e devolveu com uma provocação: “Porque não lançaram seu candidato?”
Wagner avaliou que o governo não saiu enfraquecido, mesmo o PT estando fora da Mesa Diretora. “A mesa continua representando a maioria do governo na Assembleia. São seis da base, três da oposição e o presidente eleito é de um partido importante da base. Não há preocupação”, afirmou Wagner
Indagado sobre um possível fortalecimento do PSD ao ter Ângelo Coronel como presidente do Legislativo, Wagner disse que confia no senador Otto Alencar, líder maior do partido na Bahia. “Não tenho medo do crescimento de aliados que estão na mesa. Quero aliados fortes, ajudei a construir o PSD, chamei Otto para ser o meu vice”.
Sobre uma possível traição futura, disse: “Não tenho. A história de Otto é de lealdade. Tenho ele como um irmão. A história vai sendo construída. Tenho convicção de que essa aliança é inabalável”.


