A assessoria do hospital Biocor Instituto informou que o cantor Wando vai ser velado a partir das 17h desta quarta-feira (8) no Cemitério Bosque da Esperança, em Belo Horizonte. O enterro será no mesmo local, mas às 11h de quinta (9). O pedido foi feito pela família do cantor, que mora no Rio de Janeiro.
Ele morreu aos 66 anos no Biocor Instituto, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde estava internado desde o dia 27 de janeiro. Segundo o cardiologista particular, João Carlos de Souza Dionísio, Wando morreu às 8h por causa de uma parada cardiorrespiratória.
Em nota, médicos e familiares informaram que, a partir das 5h40, houve um súbito agravamento do quadro de saúde. Em coletiva no fim da manhã desta quarta-feira (8), o coordenador do Centro de Terapia Intensiva (CTI), Heberth Miotto, explicou que a pressão arterial caiu bruscamente e, às 6h40, o paciente teve uma parada cardíaca. O óbito aconteceu na presença da mulher de Wando, Renata Costa Lana e Souza.
Segundo o cardiologista particular do cantor, foram feitas manobras de ressuscitação, mas o paciente não resistiu. Durante a coletiva, Dionísio disse que havia alertado Wando sobre o excesso de peso e a necessidade de ter uma vida mais saudável. “Infelizmente não deu tempo”, disse. De acordo com o boletim médico divulgado na terça-feira (7), ele apresentava quadro estável e melhora progressiva, mas a recuperação ainda era considerada de alto risco.
Wando foi hospitalizado com quadro de angina de peito, e exames apontaram que as artérias do coração estavam entupidas por placas de gordura. Ele estava com 110 quilos no momento da internação, 30 a mais do que o recomendado, segundo o cardiologista particular. O artista lutava contra o entupimento das três artérias coronárias. O cantor chegou a ser submetido a duas cirurgias e havia tido um infarto agudo dentro do hospital. Segundo os médicos, ele tinha três fatores de risco para doenças do coração, que são sedentarismo, excesso de peso e predisposição genética.
De feirante a ídolo romântico
Vanderley Alves dos Reis nasceu em 2 de outubro de 1945 – “num arraial chamado Bom Jardim [em Minas Gerais]”. Lá, ficava a fazenda que teria pertencido aos seus avós. Seu registro, no entanto, foi feito na cidade de Cajuri, no mesmo estado. Ele conta que, ainda criança, mudou-se para Juiz de Fora (MG), onde concluiu o antigo primário.
Mais tarde, ele foi para Volta Redonda (RJ), “onde eu entreguei leite nas casas, vendi jornal, virei feirante, dirigi caminhão na estrada”. Na mesma época, passou a se interessar por música, tendo inicialmente se dedicado ao estudo do “violão clássico”. “E aí eu descobri que não era legal o violão clássico para o que eu queria: eu queria tocar pras moças, né?”, afirmou em seu site oficial.
Entre álbuns de estúdio e registros ao vivo, o site de Wando contabiliza 28 trabalhos ao todo. O cantor acreditava ter vendido dez milhões de discos.
Homenagens
Familiares, amigos e fãs chegaram ao hospital Biocor Instituto na manhã assim que souberam da morte do cantor. “Hoje é ele é luz e virou uma estrela com certeza”, disse a fisioterapeuta Michelle Neves, de 31 anos, fazendo referência à música “Fogo e paixão”.
O padre Jeferson Lima, que se apresentou como amigo pessoal de Wando, chegou ao hospital por volta das 10h15 para prestar solidariedade. Ele pediu a todos que façam orações pela família do cantor. “Fica a imagem do pai, do amigo, do irmão e do companheiro.
Há poucos dias, eu vi uma reportagem em que ele disse que estava na oficina de Deus e que voltaria, mas ele partiu e está com Deus”, disse o padre. A declaração a que se refere foi dada por meio de bilhete escrito para os fãs neste domingo (5). “Eu estou na oficina de Deus arrumando a turbina. Me aguardem!”, escreveu o cantor.
Artistas que também trabalharam com o ator falaram sobre a importância do músico ao G1. “Acho que ele tem um peso na música brasileira. Foi um artista que fez ótimas músicas, além de também ser um bom músico e intérprete”, lamentou o cantor Odair José.
Fagner foi surpreendido com a notícia pela reportagem do G1. “Poxa, muito triste. Estava tão confiante de que ele iria se recuperar. Era um cara muito cordial, manso, sempre me tratava com muito carinho, mesmo que não fôssemos muito amigos. Sempre que ia a Fortaleza me mandava um recado”, lamentou o músico cearense.
No Rio, o bloco de rua Fogo e Paixão, inspirado no artista, promete homenagear o cantor no domingo (12). O primeiro desfile, no ano passado, contou com mais de mil pessoas fantasiadas de brega. Na hora que a música-tema “Fogo e paixão” foi tocada, mulheres homenageram Wando jogando calcinhas para o alto. Agora, o risco é de uma superlotação. “Não sei se faremos um minuto de silêncio, se vamos falar alguma coisa, vamos ver. Estamos com medo de o bloco encher demais”, afirma o presidente do bloco, Alexandre Morand. O desfile começa às 11h, no Largo de São Francisco.