A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) pediu à agência que regula o setor de água e energia no estado, a Arsesp, uma autorização para acabar com a concessão do bônus e da multa na conta de água em São Paulo. As medidas foram algumas das adotadas pelo governo no combate à crise hídrica no estado.
A solicitação foi comunicada aos acionistas da companhia e ao mercado em geral por meio de comunicado divulgado na quinta-feira (24) no site da companhia.
Desde fevereiro, a Sabesp já adotava um novo cálculo para a concessão do bônus com base em um Consumo Médio de Referência (CMR). Até o fim de 2015, o CMR correspondia à média de consumo no período fevereiro 2013 a janeiro 2014. O novo CMR já era calculado pela multiplicação do antigo CMR por 0,78, o que já tornava a obtenção de bônus mais difícil. As novas regras estavam previstas para valer até o final de 2016.
Os moradores que conseguiam economizar entre 10% e 15% tinham desconto de 10% na conta. Os que diminuíam o gasto entre 15% ou 20% recebiam bônus de 20%. Já as residências que economizavam 20% ou mais recebiam desconto de 30% na conta de água.
A cobrança das multas não tinha sido alterada. Residências que consumiam até 20% além da média pagavam conta 40% mais cara. Já as que excederem os gastos em mais de 20% recebiam multa de 100% no fim do mês.
Para justificar os ajustes, a companhia de abastecimento disse que constatou que houve redução no consumo de 22% no período de análise mais recente, de outubro de 2014 a setembro de 2015.
Por isso, a empresa reajustou as médias de consumo nessa mesma proporção. Mas, em dezembro, mês em que o Sistema Cantareira saiu do volume morto, Grande São Paulo registrou a maior taxa de aumento no consumo de água em 2015.
Corte na redução de pressão
A Sabesp diminuiu, em média, sete horas diárias o período de redução de pressão na rede de abastecimento de água na capital paulista e em cidades da Grande São Paulo. A empresa disse que a prática é usual desde a década de 1990 para reduzir perdas por vazamentos, mas com a crise hídrica no estado a ação de racionamento oficial foi intensificada.
Até 18 de dezembro do ano passado, 12 dias antes de o Sistema Cantareira sair do volume morto, a redução de pressão durava, em média, 15 horas diárias, normalmente no período da tarde e noite. Com as mudanças, o período médio caiu para 8 horas diárias, no fim da tarde e madrugada.
A Sabesp disponibilizou na internet a relação dos bairros, por cidade, os horários em que haverá redução de pressão. A companhia recomenda que o morador tenha reserva de água adequada ao consumo dos usuários por 24 horas e que verifique se as instalações internas estão ligadas à caixa de água e não diretamente à rede da rua.
A redução de pressão representa 52% do consumo de água registrado na região metropolitana, segundo dados da companhia na primeira quinzena de 2016. Apesar de aliviar o racionamento, a Sabesp disse, em nota, que a prioridade continua sendo a recuperação dos mananciais.
Racionamento ‘oficial’
Em janeiro do ano passado, a companhia admitiu, pela primeira vez desde o início da crise, que toda a Grande São Paulo estava com redução de pressão. Após um pedido da Justiça, a empresa divulgou um mapa das áreas afetadas.
Na época, a Sabesp afirmou que a redução ocorria “preponderantemente durante a noite/madrugada, período em que grande maioria da população dorme e as atividades econômicas praticamente inexistem”. Se o imóvel tiver caixa d’água, a redução da pressão na rede não é percebida, disse a Sabesp.
A realidade vivida pelos moradores, no entanto, foi outra. O G1 acompanhou as alternativas encontradas por famílias de São Paulo para enfrentar as torneiras secas (leia no blog Como Economizar Água os relatos dos moradores ao repórter Glauco Araújo). Segundo a Sabesp, a implantação de rodízio é evitada para não prejudicar, principalmente, a população localizada em regiões altas ou em final de rede.
No rodízio, a válvula é totalmente fechada. Por causa da extensão da rede de abastecimento, esses moradores, segundo a companhia, podem permanecer por período muito longo sem abastecimento, já que a água só vai chegar nestes locais depois de encher toda a rede e as caixas de água das áreas mais baixas. No racionamento, a válvula é fechada parcialmente, reduzindo o volume de água nas tubulações e, consequentemente, a pressão na rede.
Do G1