O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ouvido como investigado no depoimento que prestou nesta quinta-feira (7) na Procuradoria Geral da República (PGR), dentro de um inquérito que tramita em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal.
O inquérito apura uma trama para tentar fraudar a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró na Operação Lava Jato, que apura desvio de recursos na estatal.
Ouvido por quatro investigadores, Lula não foi perguntado e, portanto, não falou sobre as outras suspeitas que pesam sobre ele na Operação Lava Jato nem sobre as circunstâncias de sua nomeação para a Casa Civil, que está suspensa por ordem do Supremo. Foi o terceiro depoimento dele na Operação Jato.
Lula negou que tivesse uma relação próxima, de amizade, com Delcídio do Amaral e que o envolvimento deles era apenas no âmbito partidário.
Disse também que conhecia superficialmente Nestor Cerveró e não atuou para que ele estivesse no cargo. Negou ter participado na suposta trama em relação ao acordo de Cerveró e de ter pedido a intervenção de Bumlai.
Todo o procedimento de depoimento durou cerca de duas horas. Lula estava acompanhado de três advogados. Quatro procuradores participaram do depoimento.
O ex-presidente chegou a tentar adiar o dia de seu depoimento, mas acabou comparecendo à Procuradoria na tarde de ontem.
Denúncia
Os investigadores ainda vão analisar se fazem um complemento na denúncia formulada no fim do ano passado contra quatro pessoas pela tentativa de atrapalhar a delação de Nestor Cerveró para incluir o ex-presidente entre os que foram formalmente acusados.
Foram denunciados, além de Delcídio, o ex-chefe de gabinete dele Diogo Ferreira; o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, e o advogado Edson Ribeiro.
A Procuradoria acusou os quatro de embaraçar investigação de organização criminosa porque o filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró – Bernardo – gravou uma conversa na qual o senador, o chefe de gabinete e o advogado discutiram a possibilidade de manipular a delação premiada de Cerveró para favorecer Delcídio e o banqueiro.
Também foram acusados de patrocínio infiel quando o advogado trai o cliente em razão da tentativa de prejudicar o acordo de Cerveró. Delcídio, o chefe de gabinete e o advogado foram acusados ainda de exploração de prestígio, por citarem autoridades que poderiam ajudar a prejudicar o acordo.
Fonte: G1