O surto de microcefalia provocou uma mudança na rotina de atendimentos da Fundação Altino Ventura (FAV). Uma das instituições responsáveis pela estimulação precoce das crianças, a unidade está trabalhando acima do limite de capacidade de recursos humanos. Das mais de 210 crianças cadastradas para iniciar o atendimento, cerca de 80 aguardam em uma fila de espera. A FAV está em busca de parceiros para contratar mais 10 terapeutas e quatro médicos para conseguir realizar todas as estimulações. Ontem, mais um mutirão visual e auditivo foi realizado no centro de reabilitação Menina dos Olhos, no bairro da Iputinga.
A Fundação tem hoje 35 terapeutas e 10 médicos. Antes da demanda dos bebês com microcefalia, a unidade já trabalhava com uma média 100% maior do que as cotas e tetos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. A unidade começou o atendimento aos microcefálicos no fim do ano passado. Primeiro, foram 82 bebês. Em março, outros 46 ingressaram na instituição.
“Com o projeto de microcefalia, nossa demanda aumentou ainda mais. Estamos aguardando entrar na rede da Secretaria de Saúde para operacionalizar melhor e expandir a nossa capacidade. É fundamental ter equipes treinadas, para atender às outras necessidades dos pacientes”, explicou a presidente da FAV, Liana Ventura. Segundo ela, há muitas pessoas interessadas em ajudar, mas os investimentos e apoio em recursos humanos ainda são escassos.
Ontem, dos 95 agendados, 71 crianças foram atendidas no mutirão, das quais 57 receberam óculos específicos para diminuir o estrabismo e ampliar o campo de visão. Essa foi a segunda parte do atendimento, que começou na segunda-feira passada, quando foram atendidas 63 crianças e 45 receberam os óculos. Os equipamentos foram doação da Casa Lux Ótica e da Essilor.
Os dados obtidos a partir da avaliação realizada nos bebês servirão de subsídio para a terceira fase de pesquisa realizada pela fundação e parceiros, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e as universidades de Illinois e do Kansas, nos Estados Unidos. Entre os dias 23 e 30 deste mês, médicos norte-americanos estarão no estado para fazer a análise dos dados.
Os primeiros resultados deverão ser compilados e apresentados no início do próximo mês.
Para isso, a FAV também espera encontrar parceiros para a realização de testes de eletrofisiologia. “Estamos vendo resultados satisfatóriosdo ponto de vista funcional, porque as crianças estão prestando mais atenção ao entorno. Há ganhos de visão. Crianças que estavam com visão quase próximo à cegueira passaram para baixa visão e os com baixa visão para visão leve”.
Fonte: Diário de Pernambuco