Neil Maes, de 11 anos, é um dos melhores soletradores do país. A surdez foi causada por um problema genético; Neil recebeu o implante com 11 meses.
Participar do National Spelling Bee Scripps, uma das principais competições de soletração dos Estados Unidos, é uma conquista incrível para qualquer criança, mas para Neil Maes, de 11 anos, nascer surdo fez dessa jornada algo especialmente improvável.
Depois de receber o implante coclear em ambas as orelhas quando era bebê, Neil teve que treinar seu cérebro para compreender palavras faladas. Isso levou inúmeras horas de terapia da fala.
“Nós nem sequer sabíamos que ele seria capaz de falar. Não era uma garantia”, disse Christy Maes, mãe de Neil.
Agora, o garoto nascido em Belton, na Carolina do Sul, é oficialmente um dos principais jovens soletradores do país, entre outros 281 participantes. As rodadas preliminares da competição acontecem nesta quarta-feira (25).
A única assistência que Neil exige é que o enunciador da competição fale em um microfone, que transmite um sinal FM diretamente em seus implantes cocleares. Semelhante à tecnologia que ele usa na escola, que lhe permite filtrar o ruído de fundo e se concentrar em cada palavra.
Os pais de Neil deram ao filho uma outra dica, treinando-o para sempre pedir ao enunciador da competição a definição de uma palavra, de modo que ele tenha certeza de que ouviu a palavra corretamente. A maioria dos competidores fazem isso de qualquer maneira.
Mutação Genética
Pedro e Christy Maes, pais do garoto, não tinham experiência com surdez em suas famílias. Porém, ambos são portadores de uma mutação genética que causa perda auditiva. Neil conseguiu seu primeiro implante aos 11 meses de idade. Uma de suas duas irmãs mais novas também nasceu surda, e também tem implantes.
“Meu objetivo era para ele conhecer o seu potencial, não importa o que”, disse sua mãe. “Ele acabou sendo muito bom!”.
Os implantes cocleares trabalham nas partes em que a orelha de Neil não funciona, através do envio de um sinal elétrico diretamente ao nervo auditivo. “Enquanto a fala, a música e outros ruídos não soam exatamente como para uma pessoa com audição normal, o cérebro pode, ao longo do tempo, aprender a processar os sons de uma maneira similar”, disse Dr. Michael Hoa, cirurgião na MedStar Georgetown, um Hospital universitário que realiza implantes cocleares.
Mas esses implantes são apenas uma ferramenta, segundo o médico: a inteligência de Neil e seu empenho ganham todo o crédito.
“Ele é capaz de lidar com palavras muito complexas. Você fala para ele, ‘Soletre está palavra,’ e ele é capaz de realmente visualizar como esse som se parece em sua cabeça e soletra a palavra. É realmente muito impressionante”, disse Hoa.
A mãe de Neil deixou o emprego de enfermagem para ajudar o filho através da terapia da fala. Agora ela trabalha como professora de uma pré-escola.
Ela engasgou-se várias vezes ao falar sobre a viagem de Neil, em entrevista nessa terça-feira, na Associação Alexander Bell para os Surdos- grupo que defende a intervenção precoce para ajudar as crianças com deficiência auditiva.
Os pais de Neil não sabiam que ele estava participando de um concurso de soletração com a sua classe de terceira série – até que ele chegou em casa e disse-lhes que tinha vencido.
“Nossa principal esperança, fora tudo isso, era incentivar e inspirar as pessoas que estão indo à competição a enfrentar o que tivemos de enfrentar”, disse Christy.
Neil afirma que participar da competição o motivou a estudar ainda mais, para que ele possa voltar no próximo ano. “É divertido”, Neil disse, “porque eu nunca estive aqui antes, e eu só quero fazer tudo de novo.”
G1