O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou a realização de uma série de ocupações e protestos pelo país na última segunda-feira (16). Em Petrolina, algumas áreas foram ocupadas, entre elas, uma área da empresa Fruit Vida. Segundo informaçoes do líder do MST de Petrolina, Florisvaldo Araújo, 400 famílias estão no local.
Mais de 2.500 trabalhadores rurais Sem Terra trancaram ontem (17) as principais rodovias de acesso do Estado em protesto contra a violência e a impunidade dos crimes cometidos pelo latifúndio. Foram trancadas 14 rodovias e vias de acesso ao Estado, entre elas a Ponte Presidente Dutra, que liga as cidades de Petrolina e Juazeiro; a BR 104 nos trechos norte e sul, que ligam o agreste à zona da mata do Estado; e vários trechos da BR 232, que corta o Estado do litoral ao sertão.
A manifestação na Presidente Dutra interrompeu por pouco mais de 20 minutos o tráfego de veículos, para lembrar os 16 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no qual 19 trabalhadores sem-terra foram mortos e mais de 60 ficaram feridos em um confronto com a Polícia Militar. O trecho ficou engarrafado. Do lado baiano as filas de veículos se multiplicaram em instantes, ficando um tempo congestionado.
Ocupações
O MST também está engajado na Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária no Estado de Pernambuco. Segundo informaçoes do líder do MST de Petrolina, Florisvaldo Araújo, 400 famílias estão na fazenda Fruit Vida, que de acordo com ele, tem mais de mil hectares de area improdutiva. “Nós estamos em jornada de luta e queremos chamar a atenção do Governo para a importância da reforma agrária e dos camponeses que atualmente pernamecem sem terra para trabalhar, sendo que mais de mil hectares estão improdutivos às margens do canal no N1”, reclama. Ainda segundo ele, a área atende os pré-requisitos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para ser desapropriada e dar lugar a assentamentos. Araújo argumenta ainda, que este ano, foi o pior número para assesntamentos desde 1995.
Além de Petrolina, os agricultores ocuparam outras áreas desde o início da semana.
BR 428 Lagoa Grande 150
Ponte Petrolina / Juazeiro 400
BR 232 Serra Talhada – trevo de Afogados 300
PE 300 Ibimirim / Inajá 400
BR 316 Floresta /Trevo Serra 100
BR 432 Águas Belas 200
BR 232 Pesqueira – trevo de Alagoinha 250
BR 104 Norte Caruaru 150
BR 232 Gravatá 120
BR 104 Sul Agrestina 80
PE 103 Trevo Agrestina / Palmares 80
PE 60 Cabo de Santo Agostinho / Ipojuca 75
BR 101 Sul Escada 70
BR 232 Moreno 180
BR 408 São Lourenço da Mata 85
Números de assentamentos
Segundo números apresentados pelo MST, o primeiro ano do governo Dilma (2011) foi marcado por ter o menor número de criação de assentamentos nos últimos 16 anos. “Agora em abril, o Ministério do Planejamento cortou mais de 60% do orçamento do Incra, o que deve inviabilizar os programas de assistência técnica e educação. Não podemos admitir que a burocracia do governo corte as verbas relacionadas à melhoria da produtividade e à educação, compromissos sempre tão reforçados nos discursos da presidente Dilma”, disse, em nota, Alexandre Conceição, da direção nacional do MST. Por isso, o alvo principal dos protestos é a presidente Dilma Rousseff, que teria reduzido o ritmo de criação de assentamentos e cortado crédito para a área. Eles querem uma audiência com a presidente para cobrar providências e mais recursos para a política fundiária. O movimento pede também a elaboração de um plano emergencial para o assentamento das mais de 186 mil famílias acampadas e a criação de um programa de desenvolvimento dos assentamentos, com investimentos em habitação rural, educação, saúde e crédito agrícola.
Mobilização Nacional
A ação acontece em todo o Brasil, o principal movimento aconteceu na manhã de ontem em Brasília, em homenagem a todos os trabalhadores e trabalhadoras que sofreram qualquer ato de violência, injustiça e impunidade no campo, principalmente em homenagem aos 21 sem-terra que foram assassinados pela força policial no Estado do Pará, no município de Marabá (Eldorado dos Carajás), no dia 17 de abril de 1996, que se tornou oficialmente o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Depois de 16 anos de um massacre de repercussão internacional, ninguém foi preso e o país ainda não resolveu os problemas da pobreza no campo nem acabou com o latifúndio, que continua promovendo diversos atos de violência.
Por Mônia Ramos
Fotos Karine Paixão/granderiofm