Em greve desde o dia 11 de abril, os professores da rede estadual de educação que exigem, dentre outras reivindicações, o cumprimento do acordo firmado com o Governo do Estado em novembro passado relativo ao pagamento do Piso Nacional dos Professores, estiveram reunidos na tarde desta quarta-feira (16), na Câmara Municipal de Juazeiro para debater, em sessão especial, os rumos do movimento e as principais reivindicações da pauta elaborada pelos docentes.
O encontro foi proposto ao presidente da Casa, professor Nilson Barbosa (PTB) durante a assembleia da categoria realizada o auditório da APLB na última terça-feira, dia 15. Na abertura da sessão, professor Nilson Barbosa, destacou a importância social do educador na formação da sociedade e a participação da Câmara, enquanto instituição, e dos vereadores da cidade com a causa. “A Câmara se sente feliz por ser um dos espaços dessa importante discursão. Afirmo que todos os vereadores estão imbuídos nesse debate. Particularmente, essa sessão especial é muito importante para mim. Sou educador e tenho honra da minha vocação. Nesta casa, por exemplo, tenho a satisfação de trabalhar em parceria com muitos ex-alunos meus. O professor é à base de uma sociedade mais consciente dos seus direitos”.
Na mesa que conduziu a sessão estavam presentes além do presidente, a secretária da Casa, vereadora Suzana Ramos (PTdoB), o vereador e presidente da comissão permanente de educação, Bené Marques (PSDB), o presidente da APLB – Juazeiro, Antônio Carlos e membros do sindicato.
Em sua fala inicial, Antônio Carlos destacou a importância da participação dos vereadores no debate e teceu criticas ao governo do estado. “Não esperávamos que o governador Jaques Wagner, saindo de onde saiu, tivesse um comportamento como esse. Saiu de perseguido para perseguidor. (…) Ele ataca os trabalhadores com meio mais baixo, quando vai à Cesta do Povo e corta o direito do servidor de fazer compras de comida, quando vai ao banco e impede o direito de fazer empréstimo. Mas vamos continuar na luta, pois ela é justa”, afirma. Em seguida, Gilmar Nery, membro do sindicato, fez um relato da greve que já está no seu 36º dia.
A professora Antonieta Araújo, no uso da palavra, explanou o sentimento dos profissionais de educação com o atual momento da greve. “É com muita tristeza e muito pesar que, com meus 38 anos de sala de aula, vejo a situação da educação permanecer a mesma. Nada mudou. A educação é tão lembrada durante a campanha, mas logo esquecida quando eles chegam ao poder. Até quando a educação ficará a mercê dos ‘desgovernantes’? Digo ‘desgovernantes’, pois a pessoa que não valoriza a educação e trata o profissional dessa maneira não é governante. No passado, ele (o governador Jaques Wagner) era a favor do nosso movimento.; era contra as práticas de perseguição dos governos anteriores, mas, agora ,ele está fazendo pior. (…) Ele quer nos matar por inanição, quer que sejamos caloteiros. (…) Se dependesse de nós, estaríamos, hoje, trabalhando na sala de aula dando a nossa carga horária, mas ele não nos atende; não quer negociar com a nossa categoria”.
Os vereadores de Juazeiro também se posicionaram em defesa do movimento se solidarizando com a causa e fazendo propostas. O vereador Alex Tanuri (PSDB) usou a tribuna da Câmara e também se solidarizou o movimento. Tanuri falou da postura intransigente do governador e da negação dos principio que tanto defendeu dentro do Partido dos Trabalhadores. “Vamos seguir em frente não podemos temer esse ditador que faz discurso bonito, mas trata a categoria com o chicote na mão. Vocês tem meu apoio”.
José Carlos Medeiros (PV), falou sobre a propaganda institucional do governo que tenta descredibilizar o movimento e do judiciário que declarou ilegal a greve dos professores. “Tenho questionado como o judiciário tem interferido nas ações do executivo e do legislativo. Venho observando a celeridade para conceder liminar, inclusive para tonar a greve de vocês ilegal, mas a morosidade para julgar questões inerentes aos trabalhadores”. Medeiros lembrou que todos os projetos referentes à melhoria dos professores e da a educação que foram enviados para Câmara tiveram aprovação e o apoio dos membros da oposição e da situação.
O presidente da comissão de educação, vereador Bené Marques (PSDB), destacou a necessidade do cumprimento do acordo feito pelo governo com sindicato. “Lembro-me do meu pai que dizia que alcançou um tempo que quando um cidadão fosse fazer um compromisso deixava o fiapo do cabelo do bigode com outro e daqui a tanto dias voltarei e, assim, se cumpria a palavra. Esse acordo foi muito mais que um fiapo de bigode foi acordado com a assinatura de mais de 10 pessoas. Acredito que um governo inteligente investe, principalmente, em educação, saúde e segurança. Coloco-me, bem como os colegas, a disposição da luta da categoria”.
Valdeci Alves, Neguinha da Santa Casa (PV), teceu criticas a postura do governo do estado. “Fico triste com essa situação que vocês estão sofrendo por conta do governo do trabalho, do governo do PT. A luta dos professores é justa. Nós, vereadores, estamos aqui nos colocado à disponibilidade da luta”. A vereadora Suzana Ramos (PTdoB) foi direta na critica: “ Você, governador, não foi inteligente. Como pode mexer com uma classe que vive diretamente com a opinião pública? Pra mim, educação é tudo; é a maior herança que podemos deixar”. A parlamentar falou sobre sua luta de continuar estudando o curso superior de Serviço Social. Suzana também citou a situação das demissões dos professores concursados. “Isso é uma falta de respeito. É uma coisa que devemos nos preocupar e colocar no documento. Conte com o nosso apoio”.
O vereador Mozaniel Porfirio (PTdoB) levou uma mensagem de motivação para movimento. “Vocês são, acima de tudo, fortes. Não há vitória sem luta do que é direito. Esperamos que o govenador resolva efetivamente a situação. Essa Casa e esse vereador estarão ao lado de vocês”. A vereadora Janeleide Pereira (PSL) reforçou o posicionamento da Câmara. Janeleide disse que ‘ainda é hora do governador reparar esse erro’. “Nenhuma categoria levanta greve sem fundamento. Continuem na luta e ela será, com certeza, vitória”.
A Mesa diretora vai se reunir nesta quinta-feira (17), junto com os vereadores, para elaborar o documento que será encaminhado para todas as instâncias envolvidas na questão.