É simplesmente uma vergonha! Nosso nordeste, em relação ao sul do país é o protótipo dos irmãos miseráveis, dignos de pena! Todas as terras sulistas são cultivadas, aproveitando o solo que apresenta excelentes condições físicas, apesar da lixiviação, perdendo, assim os nutrientes em decorrência da elevada pluviosidade. Nesse momento o poder político facilita a correção do solo de modo que a produção agrícola seja uma constante, pois, a liberação do custeio é automática.
Para contestar-me é preciso que se saia da “toca” e pesquise! Normalmente, as cidades são asfaltadas e, as estradas estaduais, bem como a BR-116, esta, que para nós virou “escombros de guerra” são uns verdadeiros tapetes convidativos para a morte.
Ao longo das estradas, por exemplo, de São Paulo ao estado do Paraná, nossos olhos se encantam com a beleza do verde; até as margens são cultivadas e o povo é saudável. Onde estão nossos representantes, gritem, por favor! Coragem!
Segundo voz corrente, liberar recursos para o nordeste impede aos sulistas escoarem seus produtos; portanto, somos tosados em nossas pretensões. Vamos acabar com tanta timidez! Que mistério de silêncio é esse?
Nosso vertessolo é de boa qualidade sob o ponto de vista químico e de alto poder de retenção de umidade. Por isso, se gasta menos água para irrigar. Temos terras mais ricas que o sul do país, pois, nossa formação vulcânica é mais nova e só precisa de água. Infelizmente, para os políticos representantes no Congresso, conviver com a seca “carro-pipa” é melhor para se barganhar votos dos incautos. Deve-se acabar com essa “mochila de ouro” que favorece e enriquece muita gente. Precisamos é de aguadas e irrigação. Vamos aproveitar o leito do Rio São Francisco e de outros existentes no nordeste. Não vêem nossos representantes que o oceano já está cheio e que as águas fluviais desperdiçadas poderiam ser irrigadas em nossas lavouras!? ou será melhor se conviver com a miséria, fome, etc? Por que os próprios prefeitos, em vez de pensarem somente em carro-pipa, não se preocupam em investir em tubulações, irrigando seus povoados e distritos? Por que não exigem de seus representantes neste sentido?
Temos como paradigma do descaso, o Projeto Salitrão, no município de Juazeiro, obra tão sonhadora que poderá ser a redenção da região, beneficiando centenas de famílias, cujas terras férteis, beneficiariam muito ao nosso país; entretanto, não vejo união de forças no Congresso para liberação de verbas. Sei, sim, da existência de muitos papéis e conversas inócuas. Vamos à luta! Vamos mostrar resistência! Vamos mostrar que “somos fortes”, parodiando, assim, Euclides da cunha!
Além da timidez, são ingratos, bem como outros que se dizem políticos neste nordeste sofrido, (toda a regra tem exceção), pois, deveriam se espelhar na coragem e na competência do saudoso deputado Manoel Novaes, parlamentar digno e eficiente, cuja região do São Francisco lhe deve muito, sempre voltado para os problemas da região. Seu respeito no Congresso Nacional jamais poderá ser esquecido, visto que suas reivindicações eram aprovadas por serem justas. Não temia em questionar com ministros, governadores e presidente da república, pois, seu acesso aos gabinetes era fácil.
Instalou hospitais em todas as cidades a margens do São Francisco, desde Pirapora, Minas Gerais e Paulo Afonso na Bahia, criando a Comissão do Vale do São Francisco, hoje, Codevasf. São ingratos ou esquecidos; não se lembram que ele conseguiu a Ponte Presidente Dutra que liga a Bahia a Pernambuco, bem como 1% do orçamento da União para a então Comissão do Vale.
Até o momento não vejo uma homenagem justa e merecedora em memória a este ilustre homem público. Espero que pelo menos, as casas legislativas mandem celebrar uma missa em sufrágio de sua alma.
Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR – Cronista e Bel em direito.