Carrancas
As carrancas eram construídas a princípio com um objetivo comercial, pois a população ribeirinha dependia do transporte de mercadorias pelo rio, e os barqueiros utilizavam as carrancas para chamar a atenção para sua embarcação. Em certo momento, a população ribeirinha passou a atribuir características místicas de afugentar maus espíritos às carrancas. Esta atribuição colocava em segundo plano o aspecto artístico da produção das carrancas, ou seja, como forma de manifestação cultural popular de uma região brasileira. A carranca nos barcos não é uma escultura de um animal conhecido. É um monstro, um ser fantástico capaz de assustar o “Nego d’Água”. Elas tinham um significado importante para as embarcações: espantavam maus espíritos, ajudavam para que a embarcação não afundasse, livravam das tempestades e atraiam muitos peixes.
Nego Dágua
Diz a lenda que o Negro D’água ou Nego D’água habita diversos rios tais como o Rio Tocantins, Rio Grande e o Rio São Francisco onde possui um monumento do escultor juazeirense Ledo Ivo Gomes de Oliveira, obra com mais de doze metros de altura e que foi construída dentro do leito do Rio São Francisco, em sua homenagem, aqui em Juazeiro. Manifestando-se com suas gargalhadas, preto, careca e mãos e pés de pato, o Nego D’água derruba a canoa dos pescadores, se eles se lhe recusarem dar um peixe. Em alguns locais do Brasil ainda existem pescadores que, ao sair para pescar, levam uma garrafa de cachaça e a atiram para dentro do rio, para que não tenham sua embarcação virada. Segundo a lenda do Nego D’Água, ele costuma aparecer para pescadores e outras pessoas que estão em algum rio.
Ilha do Fogo
Conta que naquele morro lá da Ilha do Fogo há uma grande serpente com os seus olhos de fogo, que mesmo sob o morro ilumina as noites sem luar. Muitos barqueiros, paqueteiros e pescadores já viram os fortes focos de luz que emanam dos seus olhos, mas o mais importante é que essa terrível serpente está presa por um fiozinho de cabelo de Nossa Senhora das Grotas. E se um dia esse fio quebrar a serpente se soltará e se transformará numa enorme baleia, e Juazeiro e Petrolina se transformarão numa cama de baleia…
Extraído do livro Era uma vez… Lendas de Juazeiro e das cidades ribeirinhas do Vale do São Francisco, da Professora Maria Izabel Pontes – Bebela.
Árvore Juazeiro
Conta-se que, em determinado ponto da margem direita do Rio São Francisco existia uma árvore frondosa e de muita sombra – um pé de juá. Os boiadeiros a transformaram em ponto de descanso, chamando o lugar de Passagem do Juazeiro. Aí se cruzaram os acessos fluvial e terrestre, caminho natural de bandeirantes, servindo de ligação entre Sul, Nordeste e Norte do país. A origem de seu nome deve-se à árvore do Juazeiro, uma planta forte e medicinal, resistente às mais variadas intempéries, assim como seu povo forte e ao mesmo tempo hospitaleiro. O juazeiro (Zizyphus Joazeiro) ou juá, joá, laranjeira-de-vaqueiro é uma espécie de árvore abundante no Nordeste brasileiro. Possui copa larga e alta. O estrato do juazeiro é muito usado na indústria, principalmente, na fabricação de cremes dentais.
Vaporzinho
O Vapor Saldanha Marinho, popularmente conhecido como “Vaporzinho”, foi a primeira embarcação movida a vapor a navegar pelas águas do Rio São Francisco, a partir do final do século XIX. Foi trazido diretamente do Rio Mississipi, nos Estados Unidos, e navegou pelo Rio São Francisco até a década de 1970, quando foi aposentado e colocado na parte comercial da orla fluvial de Juazeiro.
Por cerca de duas décadas, serviu como restaurante e pizzaria. Foi então que a Prefeitura de Juazeiro resolveu tirá-lo da parte comercial da orla fluvial e colocá-lo na nova orla da cidade.
Telefonia
O prefeito Aprigio Duarte Filho instalou o primeiro serviço telefônico de Juazeiro. Este serviço, cujo centro era na prefeitura, dirigido por Simirames Farias, foi extinto em 1921. Em 1958, foi constituída uma sociedade anônima por elementos desta cidade e de Petrolina, com o nome de Companhia Telefônica do São Francisco, com o objetivo de explorar o serviço telefônico nas duas cidades.
A Imprensa
Em 1895, o jornalista Raimundo Azevedo fundou uma sociedade com o fim de imprimir o primeiro jornal, que circularia em Juazeiro, e cujo nome viria a ser Cidade do Juazeiro. O seu intento de tirar o primeiro jornal juazeirense foi frustrado, pois um seu tipógrafo de nome Clovis de Oliveira Mudo, dentro de suas próprias oficinas, compôs e fez circular, em 15 de setembro de 1895, o Sertanejo, o qual apesar de só ter circulado no primeiro número, foi o primeiro jornal impresso em terras juazeirenses. O Cidade do Juazeiro veio à luz da publicidade, no ano seguinte, circulando o seu primeiro número no dia 10 de maio de 1986. Órgão bimensal, de propriedade da firma Azevedo & Cia. e editado na Rua Dr. José Gonçalves, nº 4, teve apenas 3 anos de vida.
Criação do Município
Por lei de 9 de março de 1833, assinada por Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos, foi elevado Juazeiro à categoria de vila e criado o respectivo município, desmembrando do de Centucé.
“A lei nº 1814 de 15 de julho de 1878, sancionada pelo Barão Homem de Melo, transformava a vila em cidade e dizia assim no seu Artigo 1º: “Fica elevada à categoria de Vila do Juazeiro, com a denominação de cidade do Juazeiro”. A instalação solene verificou-se no dia 8 de setembro do mesmo ano, dia dedicado a Nossa Senhora das Grotas”.