Agressões públicas a deputados e provocações que beirem ao exagero e sirvam de quebra de decoro parlamentar estarão na mira de oito deputados que irão compor na Assembleia Legislativa um Conselho de Ética, voltado a conter e apurar declarações e atitudes que extrapolem as normas no âmbito Legislativo.
Embora o presidente Marcelo Nilo (PDT) tenha informado que a decisão pela implantação do Conselho ocorreu há 30 dias, nos bastidores a informação é de que o ato foi estimulado por alguns pares, após o comportamento exibido pelo deputado estadual Targino Machado (PSC), na sessão da última terça-feira. Durante pronunciamento em plenário, ele teria se dirigido em tom “desrespeitoso” ao líder do governo, Zé Neto (PT), e ainda teria xingado o governador Jaques Wagner (PT).
O órgão tem como objetivo disciplinar e à aplicar penalidades que podem chegar a cassação do mandato. “Não é nada contra o deputado, apenas coincidiu. Os líderes do governo e da oposição ficaram de indicar os nomes e me apresentar na próxima semana”, confirmou. Serão oito, sendo seis do governo e dois da oposição.
Nilo citou como inadmissível os xingamentos e expressões que atinjam de forma pessoal os deputados. Durante a sessão, Targino, conhecido pelas declarações polêmicas, além de aclamar a acusação de traidor, atribuída pelos professores a Zé Neto, disse ainda que os docentes deveriam exigir distância do petista “até por uma questão de higiene”. O presidente determinou que as expressões fossem retiradas das notas taquigráficas.
Ele defendeu a postura do deputado, classificando como um “grande tribuno”, mas que teria exagerado dessa vez.
As palavras de Targino despertaram a ira de alguns pares governistas. Nos bastidores comenta-se que até mesmo os colegas oposicionistas discordaram das referências feitas por ele em discurso.
Zé Neto disse que era preciso haver “bom senso” no trato entre os parlamentares. “Não viemos aqui para entrarmos em atritos. Eu concordo com o Conselho, pois é preciso avançar em mecanismos que melhorem o relacionamento. Essa situação já passou dos limites. É preciso trocar xingamentos por argumentos e convencimentos”, enfatizou.
Em discurso no dia anterior, o líder respondeu as provocações ao dizer que quando chegava em casa tinha o carinho da família, do lar. “A reportagem não conseguiu falar com Targino. (LM)