Um secretário do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), está sob investigação sob suspeita de ligações com o cartel que atuava no Metrô e na CPTM.
O engenheiro Osvaldo Spuri, que ocupa a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras da prefeitura, é um dos suspeitos de ter desaparecido com parte dos documentos de uma licitação da CPTM em que houve atuação do cartel, segundo a Siemens, que denunciou o conluio.
Sumiram os papéis sobre como são formados os preços. Sem esses documentos, não dá para saber como a CPTM chegou ao preço final.
Ele está sob investigação da Corregedoria-Geral da Administração, órgão do governo do Estado que apura eventuais desvios de funcionários públicos nas licitações em que a Siemens diz ter havido acerto entre as empresas.
A Corregedoria descobriu o sumiço dos papéis sobre preços depois de ter sido questionada por entidades que acompanham a investigação, como a Transparência Brasil, sobre o método usado pelo Metrô e pela CPTM para chegar aos valores que aparecem na licitação.
Em 1998, durante o governo de Mário Covas (PSDB), Spuri foi o presidente da comissão de licitação para o fornecimento de sistemas para a linha 5 da CPTM, que liga o Largo 13 ao Capão Redondo, na zona sul, que depois seria transferida para o Metrô. Ele era o responsável pela guarda da documentação.
A obra custou R$ 835 milhões em 2000 (o equivalente hoje a R$ 2,3 bilhões) e é citada pela Siemens como a primeira licitação em que houve acordo entre as empresas.
A licitação foi vencida pelo consórcio Sistrem, formado por quase todos os grandes fornecedores do Metrô: Siemens, Alstom, DaimlerChrysler, CAF. Depois o Sistrem subcontratou Mitsui e TTrans.
Segundo a Siemens, as empresas entraram na fase de pré-qualificação separadamente e depois se acertaram para elevar o ganho de cada uma delas. O acerto, ainda segundo a multinacional alemã, previa a formação de um consórcio único que subcontrataria as outras empresas.
Spuri é um tucano que faz parte da cota pessoal de Haddad no seu secretariado. Ele trabalhou na CPTM entre 1995 e 2003, nos governos de Covas e Geraldo Alckmin (PSDB). Voltou em 2007 e ficou até 2010, na gestão do também tucano José Serra.
OUTRO LADO
Spuri disse em nota à Folha que encaminhou os documentos da licitação em 2003 para o arquivo da CPTM, em Presidente Altino. Ele afirma que já esteve duas vezes na corregedoria para prestar esclarecimentos e jamais foi questionado sobre o sumiço dos papéis sobre preços.
Segundo ele, todos os papéis importantes da licitação foram encaminhados ao Tribunal de Contas do Estado e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Folha de S. Paulo