O ministro Fernando Haddad (Educação) afirmou nesta quinta-feira que a decisão judicial que determinou o acesso de todos os candidatos à redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) dificulta ainda mais a possibilidade da realização de dois exames neste ano, como estava inicialmente previsto.
O próprio Haddad já havia dito na semana passada que a nova edição do exame no primeiro semestre, nos dias 28 e 29 de abril, não estava garantida.
Agora, no entanto, o ministro transmite parte da responsabilidade pela possível não realização dos dois exames aos pedidos recentes do Ministério Público Federal do Ceará, que foram aceitos pela Justiça.
Na última terça-feira (17), a Justiça Federal acatou o pedido da Procuradoria e concedeu liminar obrigando o ministério e o Inep, órgão responsável pelo Enem, a fornecerem acesso à prova de redação e ao espelho de correção para todos os 4 milhões de candidatos do último exame. O governo informou que vai recorrer.
O ministro, que vai deixar o cargo na próxima terça-feira para concorrer à Prefeitura de São Paulo, reforçou que não há condições técnicas atualmente para oferecer a redação para todos os candidatos.
“O coroamento do Enem passa por duas edições no ano e nós sabemos disso desde 2009. Mas não podemos colocar a máquina em fadiga, sobretudo com essas novas exigências que estão sendo feitas pelo Ministério Público”, disse o ministro logo após participar do programa “Bom Dia Ministro”, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
Haddad criticou o fato de que as exigências que estão sendo feitas ao Enem não se repetirem em nenhum outro vestibular.
“Dá quase a impressão de que é uma questão ideológica que está por trás e não uma questão técnica séria. Será que é isso?”. Ele também considerou que a decisão da Justiça Federal do Ceará “desconsiderou” outra de um juiz de Brasília que homologou um termo entre o ministério e o Ministério Público do Distrito Federal.
Segundo esse acordo, o MEC seria obrigado a exibir as vistas da prova pela internet a partir do exame deste ano –mas não especificou se isso aconteceria na prova de abril, se ela acontecesse.
O ministro afirmou que gostaria de ter avançado mais na educação da população do campo e disse que um projeto para esse público, chamado Pronacampo, está pronto e já foi repassado ao seu sucessor.