Em meio ao cenário de escravidão, a senzala foi palco para o surgimento da capoeira, um grito de liberdade por meio da música, arte e esporte. A principal característica que distingue a capoeira dos demais esportes é musicalidade que acompanha seus golpes.
Antes de tudo, a capoeira é uma expressão cultura brasileira que traz em sua essência a mistura da arte marcial, cultura popular, música e esporte, sendo caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, além das acrobacias.
Na região o esporte tem cerca de 200 professores e quatro mestres, sendo reconhecido e apreciado por muitos. Segundo o Mestre Francisco, 41, é necessário que haja uma difusão coerente da arte. “Na região a capoeira tem uma boa visibilidade, porém é necessário que o esporte seja apresentado como é, a sua essência e raízes”, afirma o mestre.
Capoeirista desde os 09 anos, o Mestre Francisco – também conhecido como Mestre “Tampinha”, devido sua estatura baixa – considera que “a capoeira traz inúmeros benefícios como coordenação motora, desenvolvimento físico, agilidade e educação”.
Francisco diz que a capoeira atrai muitos olhares, e que é primordial levá-la aos bairros carentes. “Uma roda de capoeira chama muita atenção e traz muitas pessoas para apreciá-la, devido à música, aos instrumentos, à arte e a própria luta que a compõe. A capoeira é bem vista e muito procurada, mas é importante que o esporte seja levado para os bairros carentes da cidade”, ressalta.
O mestre Francisco faz parte da Associação Capoeira Angola Zumbi que existe desde 1994 e hoje tem uma média de 50 alunos que aos sábados vão às comunidades carentes levar um pouco dos ensinamentos da capoeira. Um dos seus alunos Caio Guimarães, 08, que já pratica o esporte há 10 meses diz que escolheu a capoeira pela vitalidade e energia que traz. “A capoeira é muito boa para ressuscitar nossas energias, ela dá força”, afirma o aluno.
Com o intuito de desenvolver ações que contribuam para a valorização da Capoeira enquanto manifestação cultural e proporcionar à comunidade acadêmica e à sociedade espaços para a prática de atividades físicas, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), através da Pró-Reitoria de Integração, promove, neste sábado (29), no Parque Josepha Coelho, o I Aulão de Capoeira. A iniciativa visa aperfeiçoar a formação dos praticantes de Capoeira, e se estende ainda àquelas pessoas que apreciam a Capoeira e ou têm interesse de conhecer um pouco mais sobre esta arte, luta, dança.
O evento vem trazer maior visibilidade à capoeira, além de aperfeiçoar os professores, instrutores, monitores e mestres da região, levando à comunidade maior conhecimento da arte afro brasileira. Desde esse mês, a Pró-Reitoria de Integração da Univasf vem promovendo trabalhos sobre educação física, características sociais e históricas, primeiros socorros, educação, como lidar com pessoas, tudo no âmbito da capoeira, estes trabalhos vão até dezembro.
Por Gabriella Moura