
Modernidade. Essa talvez seja uma palavra que defina as crianças de hoje. Isso porque os reflexos dessa ‘nova era’ tem acarretado conseqüências ao público infantil e delineado um novo perfil de ‘criança’, se comparada com a de antigamente.
Considerada como base para qualquer cidadão, é com a educação que, desde pequenos, aprendemos o conjunto de normas pedagógicas aplicadas ao nosso desenvolvimento. É ela quem engloba os processos de ensinar e aprender.
No Brasil, a educação infantil consiste na arte de educar crianças, estimulando-as através de atividades lúdicas e jogos que exercitem o intelecto das mesmas. Na ‘era passada’, por assim dizer, essa educação base existia nas escolas e, principalmente, através dos pais na própria casa.
Atualmente, se fizermos um paralelo entre a educação de ontem e a de hoje, notaremos uma mudança no sentido de aprendizado infantil. Brincadeiras e joguinhos estão se tornando cada vez mais escassos em salas de aula. Hoje, o mundo tecnológico tem assumido um importante papel na vida de nossas crianças, já que muitas escolas utilizam computadores como principal aparato para educar.
No entanto, de acordo com psicóloga Mariana Muniz, devido ao novo mundo que as crianças se deparam, a internet, por exemplo, dispõe de uma avalanche de informações, na qual nossas crianças não sabem distinguir o conteúdo apropriado para cada idade. “Atualmente, as crianças se deparam com todo tipo de informação e educação virtual, o que acaba afetando o seu comportamento. Além de proporcionar a perda de essência de ser criança, do contato físico. Agora, prevalecem atividades cada vez mais individuais”, explica.

Ainda de acordo com a psicóloga, outro ponto que merece ser ressaltado, é a influência que a mídia exerce no comportamento das crianças. “A programação da televisão brasileira, por exemplo, ganha destaque no que diz respeito à educação infantil. Hoje, tudo que é veiculado, principalmente pelas telenovelas, as crianças fazem questão de “copiar”, de fazer igual. São roupas, gírias e até mesmo a aparência. Tudo isso afeta na essência do público mirim, formando um novo perfil de ‘criança’”, afirma.
Para Nerci do Vale, 39 anos, a sua filha de 9 anos é considerada como ‘gente grande’. Segundo a mãe, a filha demonstrou um novo comportamento depois que comprou um computador para e a deixou assistir todas as telenovelas. “Depois do computador, Mariana só vive no Orkut. Ela esqueceu dos amiguinhos com quem tanto gostava de brincar antes. Em relação às novelas, to quase proibindo. É um tal de assistir Rebelde e Malhação todo dia. Ela quer ter as roupas das atrizes, o cabelo liso, a cor do esmalte. Tudo! Até em namorado, beijo na boca, ela comenta comigo”, conta.

Diferente da Nerci, Margarete Leal, 40 anos, controla tudo o que a filha assiste na televisão. “Aqui em casa, desde sempre, interfiro no processo de educação dos meus filhos. Só deixo assistir o que é apropriado para cada idade, já que nem tudo que passa é liberado para minha filha mais nova, de 12 anos, assistir”.
Valores deturpados, essa talvez seja a principal conseqüência que o mundo moderno trouxe para as nossas crianças. Hoje, as meninas mal começam a andar e já querem andar de salto, pintar o cabelo. Bola, gude, carrinho… Nada disso pertence à realidade dos meninos. Acabaram-se as brincadeiras de rua, em grupo. As crianças assumiram um novo perfil de comportamento. Elas querem adentrar no ciberespaço, arrumar namoradinhos virtuais…
Por Catharine Matos
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