O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e o Ministério Público Estadual informaram que a nova estratégia de defesa do advogado do goleiro Bruno Fernandes não altera o andamento do processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para causar mudanças, o advogado do goleiro precisaria apresentar novas provas que confirmassem as declarações.
Mesmo com outras evidências, segundo a Justiça, caberia ao juíz responsável pelo caso decidir se as acolheria ou não. O processo é presidido por Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, do I Tribunal do Júri de Contagem, que está de licença-maternidade. Na ausência dela, o andamento processual é acompanhado por outro juiz em primeira instância e os recursos são avaliados por desembargadores em segunda instância, segundo informou o TJMG.
A assessoria do Ministério Público disse que não vai se manifestar neste momento, porque já ofereceu a denúncia e cabe à Justiça decidir sobre o que está nos autos. A data do júri ainda não foi marcada.
O advogado Rui Pimenta, que defende Bruno, afirma que o jogador havia sido orientado pelos ex-advogados a mentir e dizer que não sabia o que havia acontecido com Eliza Samudio, mas a estratégia de defesa foi alterada. Pimenta declarou no domingo (11) que admitirá no julgamento a morte de Eliza Samudio. Até então, a defesa do goleiro sustentava que a jovem estava viva, já que o corpo nunca foi encontrado.
Pimenta vai sustentar no julgamento que Macarrão tomou a decisão de matar Eliza por ciúme de Bruno e contou com a ajuda de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. “Por iniciativa própria, ele levou a moça para ser assassinada. O Bruno não participou e não sabia. Quando soube, teve uma discussão com o Macarrão”, afirmou. Na época, a ex-namorada do jogador estava em Belo Horizonte e seguiria para São Paulo, segundo o advogado de Bruno.
Nesta terça-feira (13), Pimenta disse ao G1 que as declarações dadas por ele nos últimos dias estão fundamentadas no inquérito encaminhado à Justiça. “Está comprovado nos autos pela polícia, que presidiu o inquérito”, disse. Segundo o defensor, o processo não está em fase de inclusão de provas, mas perto da data do julgamento isso vai ser feito. “Quanto for a época, vou apresentar novas (provas). Elas ratificam e comprovam que o Bruno jamais desejou ou quis a morte de Eliza Samudio”, falou.
A defesa acredita que a nova estratégia é favorável para a liberdade do Bruno. “No processo não muda nada, o que muda é na consciência popular. Isso é muito importante no Tribunal do Juri”, disse.
O advogado de Marcos Aparecido dos Santos, um dos réus no caso Eliza Samudio, informou, nesta segunda-feira (12), que manterá a linha adotada na defesa do ex-policial conhecido como Bola. “A nossa defesa não mudou, inclusive mantém-se a negativa de autoria”, afirma Zanone Júnior. Para o advogado do ex-policial, as declarações de Pimenta são “afirmações absurdas”. “Cada advogado tem uma estratégia, mas acho que essa é uma estratégia suicida para o próprio Bruno”, afirmou.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (12), o advogado de Macarrão, Leonardo Diniz, afirmou que as declarações do advogado do goleiro Bruno são “descabidas”. “Tais alegações visam tão somente tumultuar o já complicado processo, ao invés de trazer à tona a realidade até então desconhecida”, afirma. Assim como Wasley de Vasconcelos, que renunciou a defesa de Luiz Herique Romão nesta segunda-feira (12), Diniz acredita na inocência do cliente.
Além Bruno, Macarrão e Bola, Sérgio Rosa Sales também vai a júri popular pela morte de Eliza Samudio. O advogado de Sérgio, Marco Antônio Siqueira, não acredita que a nova linha proposta por Rui Pimenta traga uma mudança radical no caso. Em relação à existência ou falta de materialidade do crime, Siqueira disse ao G1 que prefere não comentar. “Isso não atinge diretamente os interesses do meu cliente. Ele não é o autor, executor ou partícipe de nenhuma trama criminosa. O Sérgio é uma mera testemunha dos fatos”, defende.
Caso Eliza Samudio
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus vão a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado.
Após um relacionamento com o goleiro Bruno, Eliza deu à luz um menino em fevereiro de 2010. Ela alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.
O goleiro, o amigo Luiz Henrique Romão e o primo Sérgio Rosa Sales vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Sérgio responde ao processo em liberdade. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não há previsão de data para o julgamento do caso Eliza Samudio.