O aumento de até 50% nas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, confirmado pelo ex-presidente Donald Trump, acendeu o sinal de alerta entre exportadores e autoridades da Bahia. Embora 694 itens tenham sido excluídos da taxação, a lista final inclui produtos essenciais para a economia baiana, como manga, cacau, celulose, pneus, químicos e petroquímicos.
A Bahia, terceiro maior exportador para os EUA entre os estados brasileiros, tem cerca de 8% de sua pauta de exportações voltada para aquele mercado. Com as novas tarifas, estima-se que as perdas no estado possam chegar a R$ 1,8 bilhão, segundo estudo da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). O impacto direto atinge não só a receita, mas também o emprego: aproximadamente 210 mil postos de trabalho estão ligados a setores exportadores afetados, como papel e celulose, borracha, petroquímica e frutas.
Principal estado exportador de manga do Brasil, a Bahia exportou R$ 860 milhões em 2023, sendo 30% desse total destinado aos EUA. Com a exclusão da fruta da lista de exceções, o Vale do São Francisco, polo produtor baiano, enfrenta o risco de perda de safra, redução de receita e queda de competitividade internacional.
O governador Jerônimo Rodrigues anunciou medidas para mitigar os efeitos da tarifa, como a instalação de uma sede da Apex-Brasil no estado, prevista para agosto, com o objetivo de ajudar os exportadores baianos a acessar novos mercados. Também serão realizadas reuniões com o Consórcio Nordeste e o presidente Lula para discutir soluções coordenadas.
A Federação das Indústrias da Bahia (FIEB) alertou para o impacto no setor industrial, que responde por 90% das exportações baianas aos EUA. “Os Estados Unidos são hoje o terceiro destino das exportações baianas. No primeiro semestre deste ano, o volume exportado representou 8,3% do total, o que sinaliza uma queda de 1,2% quando comparado com o primeiro semestre de 2024. Trata-se de um montante de US$ 440 milhões, de um total de US$ 5,1 bilhões exportados pela Bahia, e que representa aproximadamente 1% do PIB da Bahia”, informou em nota.
A Fecomércio-BA (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia) também criticou a medida americana, chamando-a de “irracional do ponto de vista econômico” e “prejudicial para ambos os lados”. A federação teme efeitos em cadeia que envolvam perda de renda, redução do consumo e demissões no comércio baiano. Já a Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (FAEB) demonstrou especial preocupação com a fruticultura, destacando que manga e uva podem ter prejuízos imediatos. “É uma guerra comercial onde todos perdem. O Brasil precisa buscar diálogo e novas rotas de exportação”, afirmou o presidente da FAEB, Humberto Miranda, em entrevista à Tribuna da Bahia.
Ainda sem resposta dos EUA, o setor baiano já começa a se reorganizar. “O empresário baiano é resiliente e buscará novos caminhos para seus produtos”, reforçou Miranda. A expectativa agora está na atuação diplomática brasileira e nas ações regionais para amenizar os danos. O que é certo, porém, é que o tarifaço de Trump já deixa sua marca na economia baiana, pressionando o setor produtivo a se adaptar, reagir e inovar.
Tribuna da Bahia








