Recente pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, em 2009, as famílias brasileiras gastaram 27% mais com saúde do que o governo. Embora os gastos com bens e serviços de saúde tenham aumentado em um ritmo mais intenso, entre 2007 e 2009, a população ainda contabiliza despesas mais elevadas nesse setor.
De acordo com a pesquisa, os gastos privados somaram R$ 157,1 bilhões, ao passo que os investimentos públicos no setor da saúde foram de 123,5 bilhões. O IBGE constatou que as famílias despenderam R$ 835,65 por pessoa durante o ano, enquanto os governos federal, estaduais e municipais gastaram R$ 645,27.
Segundo o economista e professor do Complexo Educacional FMU, Douglas Alencar, o primeiro passo para mudar este cenário seria fazer com que os gastos com a saúde sejam mais bem aproveitados, reduzindo o tempo de espera dos usuários e melhorando o atendimento de modo geral, o que resultaria na confiança da população no serviço público.
Em 2011, a União investiu apenas 4,07% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor da saúde, enquanto para o pagamento dos juros e amortizações da dívida pública foram gastos 45,05% do PIB.
“Mesmo depois de o Brasil ter superado os problemas de inflação na década de 1990, o país não possui um projeto de longo prazo em relação ao investimento em serviços básicos. Falta no Brasil uma estratégia em relação aos gastos públicos e um programa completo de incentivos, de aumentos planejados dos investimentos, de metas factíveis para o setor público”, concluiu Alencar.