A limitação da venda de carros entre Brasil e México, definida na última quinta-feira (15) pelos governos dos dois países, valerá a partir da próxima segunda-feira (19). Os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e das Relações Exteriores divulgaram nota conjunta nesta sexta (16), confirmando que foram estabelecidas cotas para 3 anos. Após esse período, as regras originais de livre comércio serão retomadas.
O novo sistema modifica temporariamente o acordo assinado pelos dois países em 2002, que, nos últimos anos, tem registrado saldo altamente favorável ao México. Pelos próximos anos, as vendas de ambas as partes serão restritas a 3 valores diferentes.
Conteúdo regional nos carros exportados subirá para 35% até 2013; em 2016 deverá alcançar 40%
Carros do MEX continuarão sem pagam taxa de 35% de importação nem o IPI maior
De segunda até 18 de março de 2013, a cota é de US$ 1,45 bilhão. De 19 de março de 2013 a 18 de março de 2014, sobe para US$ 1,56 bilhão. E de 19 de março de 2014 a 18 de março de 2015, será de US$ 1,64 bilhão. Os veículos vindos do México continuam isentos da taxa de importação de 35% no Brasil e do Imposto sobre Produtos Industrizados (IPI) determinada no ano passado pelo governo federal aos carros importados.
Como havia anunciado na quinta o governo mexicano, os dois países também se comprometeram a aumentar o conteúdo regional nos carros exportados, o que era também um pedido do Brasil. Ao longo deste primeiro ano, essa elevação será de 30% para 35% “no prazo mais curto possível”, diz a nota do governo brasileiro. “Até o final do terceiro ano subsequente, o conteúdo regional deverá alcançar 40%”, completa. Entre 2015 e 2016, será examinada a possibilidade de aumentar o conteúdo regional a 45%.
Fabricantes brasileiros
Em nota divulgada na tarde desta sexta, a associação das montadora no Brasil disse considerar o acordo importante. “A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) entende que a celebração de acordos internacionais de comércio no setor automotivo constitui-se em importante instrumento de promoção do comércio exterior do país, e reitera a necessidade da permanente evolução da competitividade das exportações brasileiras e do fortalecimento da indústria nacional.”
Negociações
Há pouco mais de um mês os dois países vinham discutindo mudanças no acordo, após alta nas importações de carros vindos do México. Em 2011, o país foi o terceiro que mais vendeu carros para o Brasil, perdendo apenas para Argentina e Coreia do Sul. No ano passado, enquanto o Brasil exportou apenas 55 mil para o mercado mexicano, foram importadas de lá 134 mil unidades, conforme os dados da Anfavea. Atualmente, 12 modelos mexicanos são vendidos no país (veja lista).
Com a mudança no acordo, o Brasil espera diminuir essa diferença. “Isso [o acordo] vai diminuir o impacto, mas não vai eliminar, nem pode. Nós somos uma economia aberta. Esse acordo vai incentivar mais a fabricação de autopeças brasileiras para ser incorporadas aos carros que vão ser exportados para o México”, declarou o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, na última quinta.
O México é o maior exportador de veículos da América Latina, com uma produção total de 2,5 milhões em 2011 dos quais 2,1 milhões foram vendidos ao exterior, quase 70% deles aos Estados Unidos. O ministro afirmou que não houve pressão de outros países no acordo. “Essa é uma negociação bilateral, entre o Brasil e o México apenas, não houve pressão externa”.
ACORDO BRASIL-MÉXICO |
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Como era |
Países assinaram acordo de livre comércio em 2002, sem restrições; |
Carros do MEX não pagavam taxa de 35% de importação nem IPI maior; |
Conteúdo regional exigido nos carros exportados entre os 2 países era de 30% |
Como fica |
Por 3 anos, exportações entre os países serão limitadas a cotas; |
As cotas: – US$ 1,45 bilhão, em 2012-2013 – US$ 1,56 bilhão, em 2013-2014 – US$ 1,64 bilhão, em 2014-2015 |
Conteúdo regional nos carros exportados subirá para 35% até 2013; em 2016 deverá alcançar 40% |
Carros do MEX continuarão sem pagam taxa de 35% de importação nem o IPI maior |