A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus 13 sindicatos enviaram na última terça (28), um comunicado à gestão da Petrobrás, informando o início da greve, por tempo indeterminado, a partir do próximo sábado (01). De acordo com a categoria, a decisão se deu por conta do descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e as demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen).
O movimento foi decidido após realizações de assembleias realizadas com os trabalhadores em todas as unidades do Sistema Petrobras no Brasil. A Sindipetro Bahia teve 56% de aprovação (34% de abstenção e 10% de rejeição).
Segundo a FUP, a destruição da cadeia produtiva de óleo e gás é um dos principais motivos pelos quais a economia do país segue estagnada. “A Petrobrás, que era uma das locomotivas do desenvolvimento nacional, reduziu em mais de 50% os investimentos no Brasil. Os R$ 104,4 bilhões investidos pela empresa em 2013 despencaram para R$ 49,3 bilhões, em 2018. Uma queda de 53%”, explica.
Sem os investimentos da Petrobrás, o setor deixou de gerar mais de R$ 100 bilhões para o PIB nesse período. Como consequência, 2,5 milhões de postos de trabalho foram fechados, o que representa 19% da taxa de desemprego. Só no Sistema Petrobrás, mais de 270 mil postos de trabalho, entre próprios e terceirizados, foram fechados.
A FUP diz, ainda, que o aumento dos preços da gasolina, do gás de cozinha e do diesel também faz parte do pacote de desmonte da Petrobras. Eles contam que os gestores alteraram não só as formas de reajuste dos preços dos derivados como colocaram à venda oito refinarias, 13 terminais marítimos e terrestres, 2.226 quilômetros de dutos e ainda privatizaram as distribuidoras de combustíveis.
ABASTECIMENTO
Mesmo durante o movimento grevista, os petroleiros garantem que irão continuar com abastecimento da população. “Descumprimento do ACT, demissões e transferências em massa que estão ocorrendo no Sistema Petrobrás em função das privatizações e fechamentos de unidades ferem os Acordos de Trabalho pactuados com as representações sindicais”, ressalta.
Segundo o sindicato e a FUP, não foram sequer informados sobre a decisão. “Nas assembleias que aprovaram a greve, a maioria dos trabalhadores entende que é preciso dar uma resposta dura e firme à direção da Petrobrás para barrar a onda de demissões que virá principalmente se a categoria não deixar claro que não tolerará a postura da empresa”.
Eles dizem que o órgão atropela legislações e o próprio processo de negociação ao impor decisões unilaterais, à revelia dos sindicatos e da vontade dos trabalhadores. “Exemplos não faltam, tabela de turno, banco de horas, hora extra na troca de turno, relógio de ponto, interstício total, PLR, mudanças na Assistência Médica Supletiva (AMS), transferências arbitrárias de trabalhadores, demissões individuais e seletivas”, pontua.
A decisão da demissão foi tomada pelo Conselho de Administração da Petrobrás. A Fafen Paraná será fechada e haverá demissão coletiva de 396 trabalhadores próprios, além de 600 terceirizados que terão seus contratos rescindidos por conta do encerramento das atividades na fábrica.
“Conseguimos fechar o ACT após uma negociação intensa. Foram mais de quatro meses, com a intermediação do Tribunal Superior do Trabalho e com todo tipo de pressão e assédio por parte da gerência e agora em menos de três meses após a assinatura do ACT, a Petrobrás rasga esse acordo descumprindo um dos itens mais importantes para a categoria que diz respeito à garantia do emprego. Isso é inaceitável”, afirma o diretor de comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa.
A direção do Sindipetro vai dar início ao processo de organização da greve para que esse movimento seja forte e consiga atender aos interesses da categoria. “É preciso compreender que a categoria petroleira é uma só, seja no Paraná, no Rio de Janeiro, em São Paulo ou na Bahia, o que afeta um vai afetar a todos”, ressalta o coordenador do Sindipetro, Jairo Batista.
Tribuna da Bahia