‘Por que demorou tanto?’, diz Gilmar Mendes sobre investigações no Brasil

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira (30), em Lisboa, que a crise que o Brasil atravessa possui pontos positivos, como as grandes investigações que estão sendo feitas. Segundo ele, porém, é preocupante o tempo que levou para que essas operações começassem, o que remete a graves falhas no sistem de controle do Brasil.

Mendes viajou à capital portuguesa para participar do Seminário Luso-Brasileiro na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Outras autoridades e políticos brasileiros também são esperados no evento.

“Por que demorou tanto? Por que se demorou 13, 15 anos para descobrir isso?”, afirmou Mendes em entrevista a jornalistas nesta quarta. O ministro não citou nomes de operações, mas disse que “no fundo, entregou-se o direito de explorar o lucro das empresas estatais”.

Mendes ainda falou da urgência de fazer uma reforma política no Brasil, seja em que regime político for – presidencialismo, semipresidencialismo ou parlamentarismo.

Para o ministro, a existência de um número alto de partidos no Brasil e, inclusive, no Congresso Nacional, “é difícil e oneroso à governabilidade do país”. Deste modo, “se amanhã se desenhar um sistema semipresidencialista com esta estrutura partidária, é óbvio que também estará fadada ao fracasso”, completou.

Para Mendes, o presidencialismo propiciou um sistema muito corrupto no Brasil, mediante a “outorga de direito de exploração de determinadas áreas e empresas”. “Os episódios que hoje estamos vivendo mostram que temos que melhorar a maneira de governar, inclusive no que diz respeito às próprias empresas estatais”, ressaltou.

Protesto
Nesta terça (29), antes de participar do seminário, Mendes afirmou que, na opinião dele, ojulgamento do mensalão abriu caminho para que pudessem ser realizadas as investigações da Operação Lava Jato. “Talvez o mensalão seja um marco na história brasileira, no sentido de combate à impunidade. Eu acho até que se pode dizer que, sem mensalão, não teria ocorrido aí esse julgamento do petrolão. Não teria tido essa evolução”, afirmou o ministro.

Mendes chegou ao seminário acompanhado do senador José Serra (PSDB-SP). Os dois foram recebidos com protestos por cerca de 50 manifestantes, que levantavam cartazes com dizeres contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Isso é absolutamente normal. Também no Brasil, às vezes participando de bancas de doutorado, a gente tem protestos. Isso é normal e democrático”, afirmou Mendes.

Direitos sociais
A abertura do evento nesta quarta ficou a cargo do sub-procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco. Ele afirmou que as manifestações públicas que estão acontecendo no país não são contra a Constituição de 1988, mas que representam cobranças aos direitos adquiridos através dessa constituição.

Já Luís Inácio Lucena Adams, ex-ministro da Advogacia-Geral da União, afirmou que os direitos sociais são uma preocupação que se potencia em tempos de crise, mas que os problemas relativos à esses direitos sempre existiram. “A história brasileira lida com uma desconfiança no texto político, porque as escolhas políticas são pré-determinadas”, ressaltou. “Essas escolhas devem ser feitas no âmbito comunitário”, concluiu.

Vídeo de Temer
Nesta terça, o vice-presidente Michel Temer enviou um vídeo para a abertura do seminário. Inicialmente, Temer, que é advogado constitucionalista, faria a abertura do evento, mas optou por não viajar a Lisboa para ir a evento do PMDB nesta terça, em Brasília, no qual o partido decidiu deixar o governo Dilma.

No vídeo, Temer exaltou os direitos conquistados no Brasil com a Constituição de 1988, como o direito à liberdade de expressão e à informação.

Ele mencionou que o povo brasileiro hoje quer “pão na mesa”, numa referência ao direito à democracia social. Para ele, esse processo vem se intensificando nos últimos anos, com a população superando a linha da pobreza.

G1

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A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (19), a Operação Galho Fraco, para aprofundar as investigações de desvio de recursos públicos oriundos de cotas parlamentares.

Policiais federais cumprem sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Distrito Federal e no estado do Rio de Janeiro.

Um dos alvos é o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) que se manifestou sobre a operação no Instagram.

“Hoje, no aniversário da minha filha, a PF fez busca e apreensão novamente na minha casa por determinação de Flávio Dino [ministro do STF]. Perseguição implacável!”, escreveu.

Segundo Jordy, a alegação é que ele teria desviado recursos de cota parlamentar para uma empresa de fachada com aluguel de carros. Trata-se da mesma empresa que ele disse que aluga carros desde seu primeiro mandato.

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TCE vai fiscalizar a execução de emendas parlamentares estaduais

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O plenário do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA) aprovou proposta de Resolução que dispõe sobre a fiscalização e o acompanhamento da execução de emendas parlamentares estaduais e estabelece normas para assegurar a transparência, a rastreabilidade e a conformidade constitucional dessas transferências sobre as normas e procedimentos destinados à fiscalização e ao acompanhamento das emendas parlamentares estaduais, abrangendo também as transferências voluntárias delas decorrentes. A proposta de Resolução teve como relator o conselheiro Inaldo da Paixão Santos Araújo, que acolheu as sugestões de aprimoramento do texto de autoria da conselheira Carolina Matos.

Aprovada na sessão plenária do dia 9 de dezembro, a Resolução 085/2025 entrou em vigor a partir da última sexta-feira (12.12), quando foi publicada no Diário Oficial Eletrônico do TCE/BA, e tem como objetivos fundamentais assegurar a transparência e a rastreabilidade na execução orçamentária e financeira, além da…

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Com a aprovação do texto, a idade máxima passa a ser de 35 anos para o quadro de oficiais e praças, e de 40 anos para o quadro de oficiais médicos, de saúde ou outras especializações eventualmente existentes em âmbito estadual ou distrital.

“Estamos diante de um projeto que vai mudar a vida dos concurseiros policiais e bombeiros. O que estamos fazendo é garantir que, uma vez que ele passe, mesmo que o estado demore a abrir a vaga, ele não perde o concurso que se dedicou a fazer”, afirmou o senador Jorge Seif.

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O Congresso Nacional começa a semana agitado, com mais um round do embate entre o Legislativo e o Judiciário. Parlamentares colocaram na pauta a retomada da tramitação de uma proposta de atualização da Lei do Impeachment de 2023. A movimentação ocorre em resposta direta à decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu trechos da legislação em vigor desde 1950, limitando as possibilidades de abertura de processos de impeachment contra ministros da Suprema Corte.

A articulação do Legislativo ocorre em torno do Projeto de Lei (PL) nº 1.388/2023, de autoria do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e elaborado por uma comissão de juristas presidida por Ricardo Lewandowski, ex-ministro do STF e atual titular da Justiça. A relatoria da matéria está com o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e a expectativa é de que o parecer do…

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O Congresso Nacional aprovou nesta quinta-feira (4) o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026. A LDO estabelece diretrizes para a elaboração e a execução da Lei Orçamentária de 2026. 

O texto segue agora para sanção presidencial. Com a aprovação, a expectativa é que o Congresso vote na próxima semana a Lei Orçamentária Anual (LOA) para o ano que vem.

Entre outros pontos, a LDO prevê um superávit de R$ 34,3 bilhões em 2026, o equivalente a 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB). O texto estabelece ainda que o governo poderá considerar o limite inferior da meta para fazer limitações de gastos.

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O advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), começa a semana com a missão de reverter o cenário desfavorável que encontra no Senado e buscar os votos que podem ser o fiel da balança de sua aprovação.

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Alvo de resistência dos parlamentares, o indicado deve manter a estratégia de tentar marcar o máximo de reuniões presenciais com senadores, sejam eles propensos ou não ao seu nome. Quando não recebido, Messias seguirá investindo nas ligações.

Outra frente é a articulação feita por ministros do STF. Nos últimos dias, André Mendonça, Cristiano…

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