Portela, Beija-Flor e Vila Isabel foram os destaques da primeira noite de desfiles do Grupo Especial no Rio de Janeiro. Entre a noite de domingo (19) e a madrugada de segunda (20), sete escolas se apresentaram na estreia da Marquês de Sapucaí após a ampliação do sambódromo.
As apresentações continuam na noite desta segunda, quando mais seis escolas vão desfilar. A apuração será na quarta-feira (22).
A primeira noite foi marcada pelo tributo da Beija-Flor a Joãosinho Trinta, pela homenagem a Clara Nunes na Portela e pelo resgate das origens do samba em Angola feito pela Vila Isabel. Por outro lado, incidentes com carros alegóricos marcaram a passagem da Mocidade e da Imperatriz.
Na Imperatriz Leopoldinense o sétimo carro quebrou e foi parcialmente reparado. O diretor de carnaval Wagner Araújo, desabafou: “é claro que, com certeza, algum jurado vai punir”. Já a Mocidade Independente de Padre Miguel teve trabalho para conduzir o abre-alas, que se desviou da rota e bateu na grade que separa pista e público. Ao fim do desfile a alegoria voltou a atrapalhar a agremiação: ficou presa na dispersão e, por alguns minutos, impediu as demais alas de saírem da Avenida.
Ainda nesta primeira noite de festa na elite do samba carioca desfilaram Renascer, com tributo ao artista plástico Romero Britto, e Porto da Pedra, que teve enredo inusitado sobre o iogurte.
Portela
Com enredo que homenageou Clara Nunes, que completaria 70 anos em 2012, a maior detentora de títulos do carnaval carioca trouxe para a avenida ícones da festa e da cultura baiana como o Afoxé e o Olodum, e a cantora Daniela Mercury.
O desfile foi criação do carnavalesco Paulo Menezes, considerado uma das revelações do carnaval do Rio e que estreou na Portela depois de deixar a Porto da Pedra. Na avenida, ele cumpriu sua promessa de colorir a escola em tons além dos tradicionais azul e branco.
No ano passado, a Portela foi uma das três escolas do Rio que desfilou sem disputar o título, depois que um incêndio destruiu parte de suas fantasias. Maior detentora de títulos do carnaval, a Portela está há quase três décadas sem uma vitória: a última foi em 1984.
Nomes de peso da música brasileira defenderam a Portela. Juntos no carro abre-alas, os músicos Paulinho da Viola e Marisa Monte desfilaram mais uma vez pela escola de coração.
Clara Nunes foi representada na Portela pela cantora Vanessa da Matta, que não escondeu a emoção ao desfilar.
Beija-Flor
Com enredo que contava a história de São Luís do Maranhão, a agremiação de Nilópolis mostrou desde a comissão de frente que pretendia fazer um grande carnaval, com fantasias elaboradas e criatividade. Campeã do carnaval do Rio em 2011, a escola de Nilópolis desfilou um tributo a Joãosinho Trinta, carnavalesco que integrou a escola por mais de 15 anos e morreu em dezembro do ano passado.
A homenagem principal veio no carro “A histórica São Luís e a arte do gênio João”, último a passar pela Passarela do Samba. Para a homenagem, a agremiação fez menção a uma das mais marcantes criações do carnavalesco: o polêmico “Cristo Mendigo”, do enredo do carnaval de 1989 “Ratos e urubus, larguem minha fantasia” e que, na ocasião, entrou na Avenida coberto por um plástico preto. Desta vez, debaixo da cobertura preta se escondia uma gigantesca estátua de Joãosinho, revelada durante a passagem da Beija-Flor na primeira noite do carnaval carioca.
O carro fazia ainda mais uma referência ao carnavalesco: trazia um trono vazio, marcando a ausência de Joãozinho no desfile desta noite. O desfile terminou marcado pela emoção de todos os componentes da escola, que chegaram à dispersão entoando gritos de “já ganhou”.
Disputa acirrada
A Renascer de Jacarpepaguá, escola que abriu a primeira noite de festa, levou à Sapucaí um enredo para homenagear o pintor brasileiro Romero Britto (veja vídeo ao lado). Ele se apresentou como destaque do sexto e último carro, batizado de “Pelo filho de seu chão, Pernambuco é explosão em plena Sapucaí”. A alegoria, que já havia sido precedida por diversas alas com referências ao frevo e outras marcas do estado natal do pintor, foi toda decorada com referências pernambucanas.
A Porto da Pedra viajou pela história do leite até azedar e virar iogurte. Para mostrar a importância do leite, a agremiação explorou a história do alimento. Com o enredo “Da seiva materna ao equilíbrio da vida”, ela foi a quinta escola a se apresentar.
A rainha de baterial, Ellen Roche, brilhou diante dos ritmistas (veja ao lado).
A Mocidade Independente de Padre Miguel levou tintas, grafite, espelhos e equipe renovada sob o comando do carnavalesco Alexandre Louzada para homenagear o pintor brasileiro Cândido Portinari. A evolução da verde e branco, no entanto, pode ter sido prejudicada na avaliação dos jurados em razão dos problemas que a escola enfrentou justamente em um de seus mais belos carros: o abre-alas “Por ti, Portinari – o Universo”.
Cerca de 40 integrantes da escola tiveram que correr para empurrar a alegoria e centralizar o abre-alas na Avenida.
A Imperatriz Leopoldinense teve imprevistos ainda na concentração que podem comprometer a nota final. O segundo carro teve dificuldades para manobrar e o sétimo também apresentou problemas e foi parcialmente reparado antes do desfile. A escola levou tintas, grafite, espelhos e equipe renovada sob o comando do carnavalesco Alexandre Louzada para homenagear o pintor brasileiro Cândido Portinari na segunda noite de desfiles do carnaval carioca na Marquês de Sapucaí. O enredo “Por Ti, Portinari”, inspirado nas obras do artista, foi retratado na avenida com muitos cristais, plumas e paetês que decoraram alguns dos gigantecos carros alegóricos da escola.