A renda média das mulheres brasileiras permanece menor que a dos homens, embora essa diferença venha caindo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2009, o ganho médio entre as mulheres equivalia a 67,1% do rendimento dos homens. Em 2011, a proporção subiu para 70,4%.
O rendimento médio mensal das mulheres, que era de R$ 882 em 2009, passou para R$ 997 no ano passado – uma alta de 13%. Entre os homens, no entanto, o rendimento médio cresceu menos, de R$ 1.314 para R$ 1.417 no mesmo período, o equivalente a 7,8%.
A taxa de desocupação – considerando homens e mulheres – que fora de 8,2% em 2009, caiu para 6,7% em 2011, a menor desde 2004, de acordo com o IBGE.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011, divulgada nesta sexta-feira (21). O estudo investiga dados sobre população, migração, educação, emprego, família, domicílios e rendimento. Foram ouvidas 358.919 pessoas em 146.207 domicílios. Segundo o IBGE, a população residente em 2011 no país era de 195,2 milhões.
“Historicamente, o rendimento das mulheres é inferior ao dos homens, mas as condições de trabalho, que antes eram mais distintas, começam a ficar parecidas, dando mais chances de as diferenças entre os salários diminuírem. Hoje, as mulheres têm menos filhos, passam mais tempo no trabalho, ocupam cargos de chefia. Se cruzarmos os salários de homens de 2004 até 2011, vemos que as curvas convergem”, disse Maria Lúcia Vieira, pesquisadora do IBGE.
De acordo com o instituto, em 2011, 31,4% das mulheres ocupadas recebiam até um salário mínimo por mês (R$ 622). Entre os homens, essa proporção era de 22,1%. No ano passado, somente 0,4 % das mulheres ganhavam acima de 20 salários mínimos (R$ 12.440), enquanto entre os homens a proporção era de 0,9%.
Ela de carro, ele de ônibus
Na casa da professora Maria Euda, essa proporção já se inverteu. Há 15 anos o rendimento dela é o dobro do recebido pelo marido. Ela acumula os salários de professora aposentada do estado e professora ativa do município de Fortaleza (CE), enquanto ele trabalha na vigilância sanitária da prefeitura.
Com isso, ela consegue ter “luxo” que o marido não tem: enquanto Euda vai de carro próprio para o trabalho, ele faz uso de transporte público. “Você ter um carro traz muito custo, gasolina, revisão, seguro… daí ele prefere não ter esse custo a mais”, diz Maria Euda.
Na casa de dona Euda, ela é responsável por pagar o carro, além de gastos com saúde e alimentação. “Também compro meus perfumes, vestidos, como toda mulher gosta, e compro presentes quando precisa”, diz. O marido de Maria Euda é o responsável pelas contas de luz e energia da residência. Mas ela diz que nunca sentiu mais responsabilidade quanto ao orçamento familiar. “A gente sempre dividiu as responsabilidades e os gastos, e a responsabilidade é igual”, conta.
Ocupação
Na passagem de 2009 para 2011, a taxa de desocupação caiu menos para as mulheres (de 11% para 9,1%) do que para os homens (de 6,2% para 4,9%). Quanto ao tipo de ocupação, do total de 39,41 milhões de trabalhadoras no ano passado, 15,6% eram domésticas. Em 2009, esse percentual era um pouco maior, de 17%.
Os dados da pesquisa indicam também que, além da jornada no mercado de trabalho, homens e mulheres estão se ocupando menos de tarefas domésticas. Em 2011, 89,4% das mulheres ocupadas tinhas afazeres domésticos depois do trabalho. Em 2009, essa fatia era de 90,2%. Já entre os homens, a proporção é diferente. Apenas 47% se ocupavam dessas atividades dentro de casa, contra 49,8% dois anos atrás.
Rendimento total
Em 2011, o rendimento médio mensal de todos os trabalhadores ocupados foi estimado em R$ 1.345, representando um incremento de 8,3% em relação ao verificado em 2009 (R$ 1.242).
Entre as faixas de remuneração, a pesquisa mostra que o rendimento médio mensal de todos os trabalhos das pessoas entre os 10% com rendimentos mais baixos foi de R$ 144,00 em 2009, tendo subido para R$ 186,00, em 2011. Entre os 1% com os rendimentos de todos os trabalhos mais elevados, o valor médio passou de R$ 15.437 em 2009 para R$ 16.121 em 2011.
Números gerais
Em 2011, havia 92,5 milhões de trabalhadores no país, um aumento de 1 milhão de pessoas em relação a 2009 (1,1%). Na região Sudeste, que registrou alta de 1,6% da população ocupada, estavam concentrados 43% dos trabalhadores do país. Entre as regiões pesquisadas pelo IBGE, a que apresentou a maior alta foi a Norte, com avanço de 3,7%.
Quanto à regularização, a quantidade de trabalhadores com carteira de trabalho assinada no setor privado foi estimado em 33,9 milhões, apontando alta de 3,6 milhões de empregos com carteira em relação a 2009 (11,8%).