Dizem que a Natureza é a dona de tudo; todavia, não se sabe se ela é fêmea ou macho! Sabemos que não tem cor, nem carne, nem osso; entretanto, domina os mares, florestas, rios, ventos, fazendo todo mundo lhe temer e respeitar!
Porque lhe chamam de Natureza? Perguntamos-lhe e esperamos resposta, pois desejamos conhecê-la melhor.
Não sei por que a Senhora em alguns momentos se apresenta com maldade, prejudicando inocentes e ajudando a quem comete pecados. Será que é corrupta? Gosta de ágio? Está a serviço da política facciosa?
Perguntamos-lhe se a Senhora é míope, vesga, insensível a ponto de desconhecer a miséria, secas, doenças, fome deste nordeste, sem ter a quem recorrer, pois os nossos representantes calam-se vergonhosamente, e o povo continua na desgraça?
Por que a Senhora não dá coragem a esses carcomidos representantes, iluminando seus espíritos de modo que consigam recursos para o bem do povo?
Nosso sertão está pegando “fogo”, e, aguadas, barragens, etc, quando existem, protegem os ricos, e, tais frentes de serviço constituem uma camarilha desenfreada.
A Senhora que é tão forte, dizendo-se imparcial, acha bonito se perder a lavoura, o gado e o povo morrendo de fome em toda face da terra? Você é surda, muda ou doida? Sabemos que a Senhora é responsável pela humanidade, trazendo o homem à terra, mantendo-o até quando lhe convêm. Então, por que uns são felizes e outros indigentes, vivendo como porcos, inclusive matando entre si, sem nenhum temor a leis dos homens e a Deus?
Sendo a Natureza Senhora de todas as coisas, porém, gostaríamos de saber se pelo menos já ouviu falar do Rio Salitre, que passa em uma região fértil de Juazeiro-Bahia? Pois este Rio Salitre precisa ser perenizado urgentemente, podendo ser uma grande riqueza para a Bahia e para o Brasil, evitando assim, que seu leito se transforme em sangue. Onde está sua força, sua visão que não corrige essa corrente de tensão social?
Temos que esclarecer tudo que sofre o homem, e, se ele sofre de quem é a culpa? Explique!
Não podemos julgá-la, reconhecemos. Mas queremos sua atenção fazendo desaparecer as crueldades que são uma constante neste mundo!
Pedimos-lhe que dê coragem aos nossos políticos, ao nosso governo para que ajude os nordestinos, impedindo-lhes que sejam humilhados, em bancos oficiais, principalmente nossos lavradores que plantam e quando colhem não há mercado.
Perguntamos-lhe que mal o povo do Nordeste lhe fez especificamente a região do Rio São Francisco, que não chove há tempo, solo seco, ficando somente as lágrimas dos infelizes trabalhadores e o suor com sangue, que se esvaem pelo chão?
Que nos diz desses desastres horríveis, ceifando vidas até de crianças. Incêndios, naufrágios, assaltos a pessoas inocentes, etc?
Esconder as nuvens, evitando chuvas prejudicando a humanidade, é francamente um absurdo, não acha?
Sertanejo precisa sorrir, vendo seus campos molhados pela chuva produzindo alimentos, eliminando a fome da pobreza.
Não desejamos intrigas, mas, temos no Nordeste o símbolo da esperança, que sempre verde, resiste aos males da natureza. É o nosso “MANDACARU”. Não dá bolas para a seca, enfim, um galã verde, que apesar de ter espinhos, aflora mostrando sorrisos de seu fruto e de sua flor.
Sendo o MANDACARU “macho do sertão”, que tem poderes nada melhor que uma donzela “a Natureza” para com ele contrair núpcias. Juntos fariam chover no Rio Salitre, Rio São Francisco, bem assim em todo o Nordeste, acabando de vez a mendicância, a miséria e tais frentes de serviço que favorecem os abastados e humilham os lavradores.
No dia desse casamento, políticos demagógicos serão afogados e os lavradores confiarão mais em seus braços e agradecerão a Deus de joelhos visto que jamais faltará água, terminando com o sofrimento de muita gente que depende do líquido sagrado para viver em paz.
Com a abundância das chuvas, o homem do campo fica livre da demagogia de certos políticos desgastados, preguiçosos e utópicos que preferem o sofrimento do povo para se apresentar com o estandarte da salvação, dando gostas d’água e se locupletar com a Infâmia Indústria da frente de serviço, que só ajuda aos fortes, coronéis engajados nas tetas do poder!
Portanto, dona Natureza, seja mais branda e menos egoísta, entendendo-se com o MANDACARU “macho do sertão” a bem da humanidade, diminuindo, sobretudo, as suas tensões sociais, pois, os humildes e oprimidos sertanejos irão levar alegria para o seu enlace matrimonial.
Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR – Bel. em Direito – Cronista – Membro da Academia Juazeirense de Letras – Escritor – Membro da ABI/Seccional Norte.
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