O Sistema Único de Saúde (SUS) vai oferecer tratamento preventivo para hemofílicos de todo o país a partir de dezembro, segundo informações do Ministério da Saúde. Atualmente, os hemocentros atendem por demanda e distribuem fator coagulante no caso de acidentes.
O país tem 11 mil hemofílicos, de acordo com o Ministério da Saúde. Essas pessoas quase não têm o fator de coagulação do sangue, uma proteína que o organismo produz para conter hemorragias.
“Nós estamos, a partir de dezembro, garantindo para todos os hemofílicos do Brasil o tratamento profilático. Estamos garantindo. Estou dizendo isso por quê? Porque eu tenho licitado e, dessa licitação de 680 milhões de unidades, 400 milhões contratadas com a indústria”, disse Guilherme Genovez, coordenador de sangue e hemoderivados do Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde alega que teve dificuldades para comprar o remédio no exterior, mas que a rede pública passará a receber 50 milhões de doses por mês. O tratamento profilático com a aplicação preventiva do fator coagulante é considerado pela comunidade científica de eficiência máxima, o que levaria o hemofílico a ter uma vida praticamente normal. Pelas leis brasileiras, não se pode comprar esse tipo de medicamento em farmácia. O Estado detém o monopólio da distribuição.
A distribuição do fator coagulante para tratamento profilático é uma cobrança do Ministério Público. “Hoje, o Ministério da Saúde já finalizou diversos pregões, diversas licitações e tem remédio mais do que suficiente. Entretanto, não sei por que, essa política pública não é implementada. O remédio não chega na ponta. O remédio não chega nas pessoas. Eu entendo que isso é ineficiência da gestão”, aponta o procurador Marinus Marsico.
Conforme a Federação Brasileira de Hemofilia, o tratamento preventivo desde a infância garante às crianças a inserção social e as condições necessárias para o desenvolvimento.
Até o começo deste ano, o Distrito Federal distribuía o fator coagulante para tratamento profilático, o que atraia pessoas de todo país para Brasília. Mas um novo protocolo do Ministério da Saúde limitou as remessas em três doses por paciente.
HEMOFILIA
Não é uma doença contagiosa, é congênita, ou seja, nasce com a pessoa, assim como muita gente nasce com alergia a poeira ou a determinados alimentos, por exemplo.
Geralmente aparece nos homens e se caracteriza pela ausência ou acentuada carência de um dos factores da coagulação, o Fator 08. A coagulação é muito demorada, ou mesmo inexistente.
Quando um vaso sanguíneo se rompe, por alguma pancada ou corte, o sangue começa a fluir. É o que se chama de hemorragia. Então, os factores de coagulação entram em cena, produzindo um coágulo – uma espécie de rolha – para cobrir o rompimento. Os hemofílicos – portadores de hemofilia – podem sangrar espontaneamente, mesmo sem nenhum acidente. Precisam receber, directamente no sangue, o Fator 08, sem o qual muitos não conseguem sobreviver.