
Carnaval, São João, exposições, parada da diversidade sexual, festas alternativas e particulares, entre tantos outros acontecimentos, marcam o cenário musical, artístico, como também cultural de uma determinada localidade. São eventos que reúnem os mais variados públicos e tem o intuito de promover um mix cultural.
No entanto, apesar de sabermos que acontecimentos como esses estão abertos à visitação independente de raça ou religião, na prática, não é sempre assim que acontece. Hoje, podemos dizer que as mais diversas festas oferecidas, sejam elas privadas ou públicas, prevalece, na maioria das vezes, uma “tribo” específica, por assim dizer.
Em Juazeiro, o carnaval, por exemplo, é composto por foliões amantes do axé e as músicas dançantes que a ele agrega. Ou seja, estamos diante de uma festa nacional que tem como característica principal uma ‘tribo específica’. Porém, há sempre àquele que vai, mesmo que por curiosidade ou insistência dos amigos, ver o trio passar, se divertir, espairecer.
Aos forrozeiros, principalmente, são oferecidos os festejos juninos, que ficam por conta de bandas de forro e sertanejo, na maioria das vezes. Porém, há exceções. Apaixonado pelo “pagodão”, como ele faz questão de dizer, Rodrigo Oliveira, 28 anos, freqüenta festas juninas para acompanhar seus amigos, que gostam do estilo musical. “Pra não ficar em casa, tenho que sair com meus amigos e ir para esses forrós no São João. Se dependesse de mim, não iria, mas como eu gosto de festa, eu vou. Independente de não gostar, eu entro no clima, sempre respeitando os que gostam”, afirma o operador de áudio.

Pela segunda vez consecutiva, Petrolina apresentou esse ano a Parada da Diversidade Sexual. Entre lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT), as ruas da cidade pernambucana serviram de cenário para o público LGBT e heterossexuais abraçaram a causa de ‘inclusão social’.
Outro quesito que vale uma ressalva na cidade baiana designa-se às festas alternativas. Raiz e Remix e Umbuzada Sonora fazem parte desse cenário. Dispondo ao público, gratuitamente, música, mostras fotográficas e apresentações culturais, esse segmento de evento agrega, quase que por unanimidade, pessoas que apreciam a cultura local. Contudo, a presença dos demais também ganha destaque.

Atualmente, o evento musical ‘Conexão Vivo’ em sido local para a concentração das mais variadas tribos. Com apresentações musicais que oscilam entre o rock, MPB, instrumental, reggae, maracatu, entre outros estilos, representantes de cada modalidade prestigiam o segmento que lhe convém. Porém, há pessoas que, apesar de gostar de um estilo, fazem questão de ver as apresentações de outros segmentos.
Cléber Jesus, músico e roqueiro assumido, tem freqüentado todas as seletivas musicais do ‘Conexão Vivo’. “Apesar de gostar do meu estilo, faço questão de assistir as outras apresentações. Em respeito, como também é uma forma d’eu conhecer o novo”, diz.
Independente de estilos musicais, a região do Vele do São Francisco tem sido um local multicultural, onde pessoas de tribos diferentes prestigiam outros estilos e, acima de tudo, tem demonstrado respeito com ‘o outro’.
Por Catharine Matos